Imagens partilhadas esta segunda-feira pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia dão um vislumbre da destruição de Mariupol, cidade portuária sitiada pelas tropas russas desde o início da invasão da Ucrânia.
Um edifício destruído e manchado de cinzas contrasta com a sua versão colorida, antes da ofensiva russa. Segundo o organismo, o prédio, situado na Avenida da Paz, teria sobrevivido às duas guerras mundiais – acabando por ceder à guerra com a Rússia.
Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano, assegurou que "a eliminação" dos últimos soldados ucranianos em Mariupol "porá fim a quaisquer negociações de paz" com Moscovo, em entrevista ao 'site' de informação Ukraïnska Pravda.
#Mariupol, the building at 40, Prospect Myru (40, Avenue of Peace). The building survived two world wars. #SaveMariupol #StandWithUkraine#StopRussianWar pic.twitter.com/Z2RlinrzrJ
— MFA of Ukraine 🇺🇦 (@MFA_Ukraine) April 18, 2022
No domingo, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, sustentou esta posição, revelando que Mariupol pode ser uma "linha vermelha" no caminho das negociações, em declarações à CBS News.
“A situação em Mariupol é tanto terrível militarmente como desoladora”, afirmou. “O que resta do exército ucraniano e um grande grupo de civis estão basicamente cercados pelas forças russas. Continuam a sua luta, mas parece, pela forma como o exército russo se comporta em Mariupol, que decidiram arrasar a cidade a qualquer custo”, complementou.
O Grupo de Direitos Humanos da Crimeia, por sua vez, avançou que o exército russo retirou 150 crianças à força da cidade ucraniana, muitas das quais feridas e em tratamento nos hospitais. O assessor do presidente da câmara de Mariupol, Petro Andriushchenko, frisou que as crianças "foram sequestradas" e não são órfãs.
Sem comida, água potável ou aquecimento, cerca de 120 mil civis permanecem encurralados em Mariupol, uma das cidades mais afetadas pelo conflito. As autoridades locais estimam ainda que pelo menos 20 mil residentes tenham morrido desde o início da invasão russa.
Esta segunda-feira, a Ucrânia rejeitou categoricamente o ultimato para a rendição dos militares que ainda resistem na cidade sitiada, cujas vidas o exército russo prometia poupar se depusessem as armas.
Recorde-se que a cidade portuária é um ponto estratégico para os interesses de Moscovo, uma vez que a sua ocupação permitiria às tropas russas ligar a região de Donbass com a península da Crimeia. Também deixaria a Ucrânia sem um porto no Mar de Azov, permitindo que a Rússia aumentasse a sua ofensiva a partir do sul do país.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já causou quase duas mil vítimas mortais, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Além disso, mais de 12 milhões de pessoas terão fugido, cinco milhões das quais para os países vizinhos.
A invasão foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição de sanções que atingem praticamente todos os setores da economia russa.
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