Brasil defende continuidade da Rússia no G20
O ministro das relações exteriores do Brasil defendeu hoje que a Rússia deve continuar presente nas organizações internacionais, nomeadamente no G20, defendendo que a sua exclusão não ajuda a solucionar o conflito na Ucrânia.
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Mundo Guerra
"Ao G20, já manifestamos claramente a posição para que a Rússia pudesse participar da cúpula de líderes. A exclusão da Rússia não ataca o verdadeiro problema, que é o conflito", afirmou Carlos França, numa conferência de imprensa em Brasília.
"A exclusão, neste momento, não nos ajuda a encontrar uma solução para um problema imediato que nós temos. É preciso cessar as hostilidades e trazer Rússia e Ucrânia à mesa de negociação para um encontro de paz", frisou.
Carlos França disse ainda que os fóruns multilaterais têm como objetivo precisamente aproximar todas as partes.
O responsável brasileiro acrescentou ainda que já demonstrou a sua posição junto das autoridades indonésias, que organizam a 17.ª reunião de cúpula do G20, agendada para novembro.
Na semana passada, o jornal brasileiro O Globo indicou que a Rússia pediu oficialmente o apoio diplomático do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e G20, num momento em que enfrenta sanções devido à invasão na Ucrânia.
"Pedimos o seu apoio para evitar acusações políticas e tentativas de discriminação em instituições financeiras internacionais e fóruns multilaterais. Supomos que agora, mais do que nunca, é crucial preservar um clima de trabalho construtivo e a capacidade de promover o diálogo no FMI, no Banco Mundial e no G20", diz uma carta enviada pelo ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, ao ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, na qual o jornal teve acesso.
Na carta, Siluanov também frisou que os Estados Unidos estariam a adotar uma política de isolar o país da comunidade internacional.
"Foi exercida uma enorme pressão sobre a Presidência indonésia para que não nos convidasse para as reuniões do G20. O trabalho nos bastidores está em andamento no FMI e no Banco Mundial para limitar ou até mesmo expulsar a Rússia do processo de tomada de decisões", lê-se.
O Governo brasileiro tem tipo uma abordagem ambigua em relação à Rússia desde que o país lançou a ofensiva militar na Ucrânia.
Por um lado, votou no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) contra a Rússia numa resolução que condenava as ações de Moscovo.
Por outro, absteve-se da resolução que suspende a Rússia do Conselho de Direitos Humanos devido a alegados crimes de guerra e crimes contra humanidade na Ucrânia.
Dias antes do ataque russo, o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, reuniu-se com o homólogo russo, Vladimir Putin.
A acrescentar, o Brasil não apoia as sanções impostas à Rússia, estando mesmo a encetar esforços para que a venda de fertilizantes russos não seja incluída nas sanções.
O Brasil, uma das maiores potências agroalimentares do mundo, depende em mais de 80% da importação de fertilizantes, dos quais a Rússia e a Ucrânia são dos maiores exportadores mundiais.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A guerra causou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 5 milhões das quais para os países vizinhos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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