"São 1.020 corpos de civis, apenas civis, estão (em morgues) na região de Kyiv", declarou a vice-primeira-ministra ucraniana, Olga Stefanishyna, à agência de notícias France-Presse (AFP) na cidade de Borodianka, a nordeste de Kyiv.
Desde a retirada das forças russas da região de Kyiv no final de março, centenas de corpos de civis foram encontrados pelas autoridades ucranianas, que, juntamente com os países ocidentais, acusam a Rússia de "crimes de guerra", situação que Moscovo nega.
A vice-primeira-ministra esclareceu que este total representa todos os corpos de civis "descobertos em prédios, mas também nas ruas" na região da capital ucraniana desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro.
Anteriormente, um oficial das forças militares ucranianas tinha afirmado, numa conferência de imprensa, que estes civis tinham sido "mortos ou torturados até a morte" pelos russos, sublinhando que especialistas forenses ainda estavam a examinar os corpos.
Em 03 de abril, a procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, anunciou que 410 corpos de civis tinham sido encontrados na região de Kyiv, território recuperado pelos soldados ucranianos às forças russas alguns dias antes.
Uma semana depois, em 10 de abril, Iryna Venediktova declarou que mais de 1.200 corpos tinham sido descobertos na mesma região, sem especificar se eram apenas civis.
Só em Bucha, cidade localizada a cerca de 30 quilómetros de Kyiv, que se tornou um símbolo das atrocidades da guerra na Ucrânia, cerca de 300 pessoas foram enterradas em valas comuns, de acordo com outro relatório anunciado pelas autoridades ucranianas em 02 de abril.
As autoridades ucranianas continuam a descobrir corpos com regularidade e, hoje, a polícia regional de Kyiv afirmou ter encontrado mais nove cadáveres de civis em Borodianka.
"Essas pessoas foram mortas pelos ocupantes (russos) e algumas das vítimas mostram sinais de tortura", disse o chefe de polícia local, Andrii Nebytov, numa mensagem publicada na rede social Facebook.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, mais de cinco milhões das quais para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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