"Sobre as últimas horas e as declarações e os testes russos, insto a Rússia - e o Presidente Putin -, enquanto potência dotada de armas nucleares e membro permanente do Conselho de Segurança, a ser uma potência responsável e a não ceder a qualquer forma de provocação, porque isso representaria uma alteração profunda da 'gramática' internacional", disse o chefe de Estado francês, candidato à reeleição no próximo domingo, na segunda volta das presidenciais, contra a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen.
Vladimir Putin declarou hoje que as suas forças tomaram com "êxito" o controlo da cidade portuária ucraniana de Mariupol, sitiada pelo exército russo desde o início de março, e ordenou que os últimos combatentes ucranianos sejam cercados, e obrigados a render-se, em vez de atacados.
O exército russo tinha anunciado na quarta-feira o primeiro teste bem-sucedido de lançamento de um míssil balístico intercontinental Sarmat, uma arma de nova geração de muito longo alcance, que Putin saudou como "sem paralelo".
"Terei oportunidade, se as francesas e os franceses me derem o seu voto de confiança, de lhe telefonar na próxima semana", declarou Macron em Saint-Denis, um subúrbio popular da metrópole parisiense.
"Penso que devemos continuar vigilantes e unidos como europeus, unidos como aliados, continuar a dialogar com todas as potências, incluindo as regionais não-europeias, e dentro das Nações Unidas, para enviar mensagens muito claras à Rússia", sublinhou o Presidente francês, acrescentando que "não deve haver uma escalada".
"Continuamos a trabalhar para o cessar-fogo e a paz, mas não devemos ceder a qualquer tentativa de escalada, em particular da parte da Rússia", insistiu.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, mais de 5 milhões das quais para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada por Putin com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 57.º dia, já matou mais de 2.000 civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito mais elevado.
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