A devastação da cidade portuária de Mariupol contrasta com a "ideia de normalidade" que os russos querem passar ao darem início às aulas na Ucrânia. Com novos manuais escolares, todos em russo, mais de 700 alunos ucranianos voltaram às aulas divididos em 20 turmas.
O ensino mudou. Os ocupantes russos doutrinam os jovens - que até há dias ou semanas tinham de se esconder em 'bunkers' - de que são os "libertadores" da "escória nazi" que havia na Ucrânia.
A máquina de propaganda cobre o primeiro dia de aulas, desde o início da guerra (a que chamam operação militar especial), com vídeos das agências de notícias russas Tass e Ria Novosti a mostrarem as aulas retomadas.
Segundo relata o jornal alemão Bild, o secretário-geral do partido de Putin 'Rússia Unida', Andrei Turchak, marcou presença naquela escola indicando que agora eles estavam na Rússia.
“A vitória será nossa, ninguém duvida disso. O inimigo será esmagado. Haverá paz nesta área, agora e para sempre. Não há dúvida de que Mariupol será limpa da escória nazi”, disse o político russo num discurso aos estudantes que se limitavam a assentir.
United Russia appratchik Andrey Turchak visits a classroom in occupied Mariupol and tells the visibly thrilled students that "victory will be ours, the enemy will be defeated." pic.twitter.com/NgAEJ2nsZ4
— Kevin Rothrock (@KevinRothrock) April 20, 2022
Refira-se que a propaganda do Kremlin tentou desde o início dar uma ideia falsa do que estava a acontecer na Ucrânia. Putin justificou a invasão pela necessidade "desnazificar e desmilitarizar" a Ucrânia e rejeitou sempre as palavras "invasão" e "guerra" para o que estava a acontecer, afirmando que se tratava de uma "operação militar especial.
Certo é que a cidade de Mariupol foi reduzida a escombros pelos ocupantes russos. Restou o complexo industrial de Azovstal, onde se encontram militares e civis ucranianos, entre mulheres e crianças, escondidos nos túneis da siderúrgica.
Vladimir Putin anunciou ontem que Mariupol havia sido tomada pelos russos e que agora era controlada pelas suas tropas. Quanto a Azovstal, cancelou um ataque, mas ordenou que a siderúrgica fosse bloqueada para que "nem uma mosca" passasse.
Azovstal é o último reduto da resistência ucraniana.
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