"Chamada com o Presidente Putin. Apelei veementemente a um acesso humanitário imediato e a uma passagem segura em Mariupol e em outras cidades ocupadas, ainda mais por ocasião da Páscoa ortodoxa", divulgou Charles Michel numa publicação na rede social Twitter.
Na conversa com o governante russo, Charles Michel reiterou também, segundo indicou o próprio, "a posição da União Europeia (UE)[de] apoio à Ucrânia e à sua soberania, condenação e sanções pela agressão da Rússia".
"A nossa unidade, princípios e valores são invioláveis", adiantou o responsável europeu na publicação no Twitter.
Fontes europeias indicaram que a conversa telefónica de hoje entre Michel e Putin, que ocorreu pelas 11:00 de Bruxelas (hora local, menos uma em Lisboa), surge após a visita do presidente do Conselho Europeu à Ucrânia, no início desta semana, quando se reuniu com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
"Foi uma chamada importante, na qual o presidente do Conselho Europeu reiterou a posição da UE, de uma forma contundente e direta", acrescentaram as mesmas fontes.
Além disso, o responsável europeu exortou o Presidente russo a "dialogar diretamente com o Presidente Zelensky, como solicitado" por este último.
Michel assinalou ainda a Putin "os custos das sanções impostas pela UE" à Rússia, além de se focar "nos assuntos humanitários" e na "necessidade de um cessar-fogo pela Páscoa ortodoxa", adiantaram as fontes europeias.
Esta conversa telefónica aconteceu também dias antes da presença de Charles Michel numa conferência de doadores, que ocorre a 05 de maio, para assegurar financiamento para reconstrução da Ucrânia.
Na terça-feira, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu uma pausa humanitária de quatro dias na guerra na Ucrânia, por ocasião da Páscoa ortodoxa, visando a abertura de uma série de corredores humanitários em território ucraniano.
Numa declaração junto à sede da ONU, em Nova Iorque, Guterres lembrou que ucranianos e russos iriam celebrar a Páscoa dentro de dias, um feriado que une os cristãos ortodoxos dos dois países, lamentando ainda que a celebração esteja a ser marcada por "uma guerra que representa a negação total da mensagem da Páscoa".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, mais de cinco milhões das quais para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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