Uma delegação de alto nível norte-americana que visitou as Ilhas Salomão explicou aos líderes locais que se Pequim avançasse para "estabelecer uma presença militar, de facto", levantaria "sérias preocupações" para os Estados Unidos, que "vão retaliar em consequência", disse a presidência norte-americana em comunicado.
Também se aplica no caso da fixação de qualquer "instalação militar" ou "capacidade de projeção de força" que permita uma implantação chinesa na região, indicou.
Emissários da Casa Branca e do Departamento de Estado dos Estados Unidos estiveram hoje nas Ilhas Salomão, onde se encontraram com o primeiro-ministro salomónico, Manasseh Sogavare.
"Em resposta às preocupações geradas, o primeiro-ministro Sogavare reiterou as suas garantias de que não vai haver base militar, presença de longo prazo e capacidade de projeção de força", segundo o comunicado.
"Os Estados Unidos enfatizaram que iriam acompanhar de perto os desenvolvimentos em consulta com os seus parceiros regionais", atentou.
A delegação norte-americana também insistiu nas "potenciais implicações para a segurança regional", contestando, durante "discussões substanciais", "o objetivo, o alcance e a transparência do acordo".
Mas, no entanto, os norte-americanos garantiram "respeitar o direito" das Ilhas Salomão de tomar "as suas decisões soberanas".
Washington apontou ainda para a aceleração da abertura de uma embaixada norte-americana, o fortalecimento da cooperação em minas não detonadas, o envio de um navio-hospital para assistência à saúde pública ou a entrega de vacinas adicionais.
Os dois países também se comprometeram a lançar um "diálogo de alto nível" que se vai centrar na questão da segurança em particular.
A China anunciou terça-feira ter assinado um acordo de segurança muito abrangente com as Ilhas Salomão, numa altura em que vários países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, acusam Pequim de ter ambições militares no Pacífico.
"Os ministros dos Negócios Estrangeiros da China e das Ilhas Salomão assinaram recentemente um acordo para cooperação em [matéria de] segurança", disse um porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, em declarações à imprensa.
No mês passado, foi conhecida uma versão preliminar do acordo, causando uma onda de choque porque incluía autorizações para a China estabelecer bases militares e navais naquele arquipélago do Pacífico.
No início de abril, o primeiro-ministro das Ilhas Salomão, Manasseh Sogavare, garantiu que não permitiria a construção de uma base militar chinesa no país, mas a declaração do governante não foi suficiente para acalmar os temores da Austrália e dos seus aliados.
A Austrália é vizinha das Ilhas Salomão, localizando-se a cerca de 1.500 quilómetros do arquipélago.
Tanto Camberra como Washington mostram, há algum tempo, preocupação com a possibilidade de a China construir uma base naval no Pacífico Sul que lhe permita projetar poder marítimo muito além das suas fronteiras.
Leia Também: Empresas chinesas enfrentam "problemas" em Portugal, diz embaixador