Governador da Florida assina lei que limita discussões sobre raça
O governador da Florida, Ron DeSantis, assinou na sexta-feira um projeto de lei que estabelece novas diretrizes para discussões baseadas na raça, em empresas ou escolas, medida que faz parte da sua campanha contra a teoria racial crítica.
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Aprovada pelos legisladores no início do ano, esta lei proíbe o ensino onde se diga que membros de uma raça são inerentemente racistas e que se devem sentir culpados por ações passadas cometidas por outros membros da mesma raça.
Limita ainda que seja ensinado que o estatuto de uma pessoa, como privilegiada ou oprimida, seja necessariamente determinado pela sua raça.
Esta lei barra também a noção de que a meritocracia é racista, ou que a discriminação é aceitável para alcançar a diversidade.
"Acreditamos na educação, não na doutrinação", sublinhou DeSantis durante a assinatura do projeto de lei, esta sexta-feira.
Ron DeSantis, que considera que as "ideologias perniciosas" não devem ser permitidas, realçou que os alunos da Florida não terão ideologias opressivas impostas sobre eles, defendendo que o projeto de lei fornece "proteções substantivas" para alunos dos vários níveis de escolaridade.
"Não utilizaremos os nossos impostos para ensinar os nossos filhos a odiar este país ou odiar uns aos outros", salientou o governador.
A oposição acusa DeSantis de não ter "uma ideia precisa" do que é a teoria crítica da raça e argumenta que os motivos do governador passam por suprimir um relato preciso da história negra.
"Este projeto de lei ilustra o padrão de políticas de ataque aos negros, lideradas por legisladores republicanos. Este [padrão] é levado de uma guerra cultural para um clássico campo de batalha republicano, que são as escolas públicas. Vai prejudicar o futuro dos nossos filhos", defendeu a deputada democrata Angie Nixon, que é negra.
Ron DeSantis é um conservador ambicioso que, segundo analistas de política, gostaria de usar a Florida como trampolim para a Casa Branca, sendo apontado como um provável candidato às presidenciais de 2024.
A teoria racial crítica centra-se na ideia de que o racismo é sistémico nas instituições dos EUA e que estas funcionam para manter o domínio dos brancos na sociedade.
Há poucas evidências de que a própria teoria crítica da raça esteja a ser ensinada a alunos nas escolas públicas, embora algumas ideias centrais tenham sido incorporadas em materiais didáticos.
Os legisladores negros da Florida acreditam que esta legislação terá um efeito assustador sobre como a história afro-americana é ensinada, porque os professores temerão ações judiciais se os pais dos alunos se opuserem à forma como eles apresentam assuntos como escravidão, segregação, linchamentos e a presença contínua de racismo nos EUA.
A nova lei expande a linguagem na lei estatal, exigindo instrução na sala de aula sobre "as ramificações do preconceito, racismo e estereótipos nas liberdades individuais", bem como o estudo da história da escravidão, segregação e opressão racial e das contribuições dos negros na história dos EUA.
Mas esta matéria não pode procurar "doutrinar ou persuadir os alunos a um determinado ponto de vista" incompatível com a lei.
"Esta é uma ideologia que estava a tomar conta de muitas instituições de elite, os media, a América corporativa, a burocracia ou o sistema educacional. A maioria dos americanos não quer nada com essas coisas", vincou DeSantis.
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