Metsola não exclui nova emissão de dívida conjunta na UE

A presidente do Parlamento Europeu não exclui nova emissão de dívida conjunta na União Europeia (UE) para responder aos picos de preços causados pela guerra da Ucrânia e investir em defesa, embora preferindo utilizar "fundos não gastos".

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© Sathiri Kelpa/Anadolu Agency via Getty Images

Lusa
27/04/2022 06:58 ‧ 27/04/2022 por Lusa

Economia

Rússia/Ucrânia

"Digamos que não excluímos nada, mas eu também olharia para todos os fundos não gastos e onde poderíamos realmente utilizar o que temos e também olhava para a flexibilidade dos instrumentos que nos pareceu necessária durante a covid-19 [...] e que ainda pode continuar a ser utilizada", afirma Roberta Metsola em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas, um dia antes de completar 100 dias no cargo.

Numa altura em que a UE enfrenta uma acentuada crise energética, com aumentos significativos nos preços do gás e da luz, e que lida com impactos no setor alimentar devido aos problemas nas cadeias de abastecimento, devido à guerra da Ucrânia causada pela invasão russa, os Estados-membros discutem ideias como uma nova emissão de dívida comum para financiar a independência energética face à Rússia e o reforço das capacidades militares.

Por estes dias, os países da UE lidam com milhares de milhões de euros em despesas imprevistas para apoiar os refugiados ucranianos e as empresas e famílias europeias devido ao pico dos preços da energia e das matérias-primas.

Sem rejeitar uma nova emissão de dívida como a acordada para responder à crise da covid-19 e que deu origem ao Mecanismo de Recuperação e Resiliência, Roberta Metsola prefere antes destacar, na entrevista à Lusa, a necessidade de analisar "o montante de dinheiro que foi atribuído para a recuperação, como será gasto e onde será gasto".

"E, segundo lugar, se existem fundos estruturais não gastos e os fundos de coesão não gastos que possam ser reorientados", acrescenta.

Para Roberta Metsola, é ainda urgente "começar a olhar para o Quadro Financeiro Plurianual [orçamento a sete anos] como algo que já não é o modelo que [a UE] deve ter".

"Agora trabalhamos de ano para ano ou de mês para mês e as coisas podem mudar de dia para dia e, portanto, precisamos de olhar longa e duramente para a nossa capacidade orçamental e para os nossos objetivos orçamentais, mas também garantir que estamos equipados para financiar as gerações futuras", salienta a líder da assembleia europeia.

Prestes a completar 100 dias no cargo, a presidente do Parlamento Europeu fala em "decisões sem precedentes" aprovadas na UE para apoiar a Ucrânia, nomeadamente a mobilização de mil milhões de euros para apoiar as capacidades das forças armadas ucranianas devido à guerra.

Para financiar a recuperação europeia pós-crise da covid-19, a Comissão Europeia decidiu contrair, em nome da UE, empréstimos nos mercados de capitais até 750 mil milhões de euros a preços de 2018 -- cerca de 800 mil milhões de euros a preços correntes.

A maioria das verbas financia o Mecanismo de Recuperação e Resiliência, avaliado em 672,5 mil milhões de euros (a preços de 2018) e elemento central do "Next Generation EU", o fundo de 750 mil milhões de euros aprovado pelos líderes europeus em julho de 2020 para a recuperação económica da UE da crise provocada pela pandemia de covid-19.

Roberta Metsola foi eleita, em meados de janeiro passado, presidente do Parlamento Europeu na segunda metade da atual legislatura, até à constituição da nova assembleia após as eleições europeias de 2024.

Leia Também: Pior erro da UE seria não abrir a porta aos ucranianos, diz Metsola

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