Macron quer extensão a UE de capacidade de dissuasão nuclear avaliada até junho

O Presidente francês, Emmanuel Macron, definiu hoje o final do primeiro semestre como prazo para avaliar a extensão da capacidade de dissuasão nuclear de França a outros países da União Europeia (UE).

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© Pedro Nunes/Reuters

Lusa
06/03/2025 23:39 ‧ há 2 dias por Lusa

Mundo

Emmanuel Macron

"Vamos abrir uma fase de troca de pontos de vista entre os nossos técnicos", disse Macron no final de uma cimeira da UE em Bruxelas, durante a qual, garantiu, "vários" dirigentes o abordaram para falar sobre este assunto, que levantou esta semana como forma de conter a agressão russa num contexto de afastamento dos EUA.  

 

Este diálogo, referiu, será simultaneamente estratégico e técnico, e seguido de discussões a nível dos chefes de Estado e de Governo "para ver, no final do semestre, se é possível desenvolver uma nova cooperação", sobre dissuasão nuclear dentro da UE.

Num discurso no Eliseu na quarta-feira, Macron anunciou que quer "abrir o debate estratégico" sobre a proteção da Europa pelas armas nucleares francesas com os aliados dispostos a garantir a paz futura na Ucrânia e a proteção do continente europeu.

"Respondendo ao apelo histórico do futuro chanceler alemão [Friedrich Merz], decidi abrir o debate estratégico sobre a proteção dos nossos aliados no continente europeu pela nossa capacidade de dissuasão", declarou o Presidente francês num discurso transmitido pela televisão francesa.

A França é a única potência nuclear da União Europeia (UE) e o chefe de Estado francês afirmou recentemente estar pronto para um "diálogo estratégico" para que os países europeus deixem de estar dependentes da dissuasão norte-americana para fazer face às ameaças da Rússia, que continua a apostar no rearmamento, e proteger o continente europeu, que lida desde fevereiro de 2022 com a invasão russa na Ucrânia.

"A França tem um estatuto especial" na defesa europeia, disse Macron, garantindo que "aconteça o que acontecer, a decisão sempre esteve e continuará a estar nas mãos do Presidente da República, o chefe das forças armadas" francês no que respeita ao desarmamento nuclear.

Moscovo reagiu ao discurso de Macron através do ex-Presidente e atual vice-presidente do Conselho de Segurança Dmitri Medvedev, que menorizou o chefe de Estado francês.

"O próprio Macron não representa uma grande ameaça. Desaparecerá, no máximo, para sempre até 14 de maio de 2027 e ninguém sentirá a sua falta", declarou Medvedev, conhecido pelas suas declarações incendiárias nas redes sociais.

O segundo mandato presidencial de Emmanuel Macron termina em maio de 2027.

Sem se referir diretamente a Macron, o Presidente russo Vladimir Putin evocou hoje que "ainda há pessoas que querem voltar à época de Napoleão, esquecendo-se de como isso terminou".

Em Bruxelas, Macron respondeu a Putin, que, na sua opinião, cometeu "um erro de interpretação histórica" ao compará-lo a Napoleão.

"Napoleão liderou conquistas. A única potência imperial que vejo hoje na Europa é a Rússia, e é um imperialista que reviu a história e a identidade dos povos", disse Macron à imprensa no final da cimeira europeia em Bruxelas.

A reunião em Paris dos chefes dos Estados-Maior das Forças Armadas dos países europeus, para discutir a paz futura na Ucrânia, anunciada pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, realiza-se na terça-feira, anunciou hoje a França.

Esta reunião deverá focar-se num possível "destacamento de forças europeias" na Ucrânia, que "não iriam combater na linha da frente", mas "pelo contrário, uma vez assinada a paz, garantir o seu total respeito", explicou Macron na noite de quarta-feira.

Para isso, o Presidente francês anunciou a reunião em Paris dos "chefes dos Estados-Maior das Forças Armadas dos países que desejam assumir responsabilidades a este respeito".

A reunião realiza-se na terça-feira, dia 11, na presença do Presidente francês, e decorrerá em paralelo com o Fórum de Defesa e Estratégia de Paris, organizado durante três dias na capital francesa pela Academia de Defesa da Escola Militar.

Leia Também: Reunião de Estados-Maior europeus em Paris realiza-se na terça-feira

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