"Vamos abrir uma fase de troca de pontos de vista entre os nossos técnicos", disse Macron no final de uma cimeira da UE em Bruxelas, durante a qual, garantiu, "vários" dirigentes o abordaram para falar sobre este assunto, que levantou esta semana como forma de conter a agressão russa num contexto de afastamento dos EUA.
Este diálogo, referiu, será simultaneamente estratégico e técnico, e seguido de discussões a nível dos chefes de Estado e de Governo "para ver, no final do semestre, se é possível desenvolver uma nova cooperação", sobre dissuasão nuclear dentro da UE.
Num discurso no Eliseu na quarta-feira, Macron anunciou que quer "abrir o debate estratégico" sobre a proteção da Europa pelas armas nucleares francesas com os aliados dispostos a garantir a paz futura na Ucrânia e a proteção do continente europeu.
"Respondendo ao apelo histórico do futuro chanceler alemão [Friedrich Merz], decidi abrir o debate estratégico sobre a proteção dos nossos aliados no continente europeu pela nossa capacidade de dissuasão", declarou o Presidente francês num discurso transmitido pela televisão francesa.
A França é a única potência nuclear da União Europeia (UE) e o chefe de Estado francês afirmou recentemente estar pronto para um "diálogo estratégico" para que os países europeus deixem de estar dependentes da dissuasão norte-americana para fazer face às ameaças da Rússia, que continua a apostar no rearmamento, e proteger o continente europeu, que lida desde fevereiro de 2022 com a invasão russa na Ucrânia.
"A França tem um estatuto especial" na defesa europeia, disse Macron, garantindo que "aconteça o que acontecer, a decisão sempre esteve e continuará a estar nas mãos do Presidente da República, o chefe das forças armadas" francês no que respeita ao desarmamento nuclear.
Moscovo reagiu ao discurso de Macron através do ex-Presidente e atual vice-presidente do Conselho de Segurança Dmitri Medvedev, que menorizou o chefe de Estado francês.
"O próprio Macron não representa uma grande ameaça. Desaparecerá, no máximo, para sempre até 14 de maio de 2027 e ninguém sentirá a sua falta", declarou Medvedev, conhecido pelas suas declarações incendiárias nas redes sociais.
O segundo mandato presidencial de Emmanuel Macron termina em maio de 2027.
Sem se referir diretamente a Macron, o Presidente russo Vladimir Putin evocou hoje que "ainda há pessoas que querem voltar à época de Napoleão, esquecendo-se de como isso terminou".
Em Bruxelas, Macron respondeu a Putin, que, na sua opinião, cometeu "um erro de interpretação histórica" ao compará-lo a Napoleão.
"Napoleão liderou conquistas. A única potência imperial que vejo hoje na Europa é a Rússia, e é um imperialista que reviu a história e a identidade dos povos", disse Macron à imprensa no final da cimeira europeia em Bruxelas.
A reunião em Paris dos chefes dos Estados-Maior das Forças Armadas dos países europeus, para discutir a paz futura na Ucrânia, anunciada pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, realiza-se na terça-feira, anunciou hoje a França.
Esta reunião deverá focar-se num possível "destacamento de forças europeias" na Ucrânia, que "não iriam combater na linha da frente", mas "pelo contrário, uma vez assinada a paz, garantir o seu total respeito", explicou Macron na noite de quarta-feira.
Para isso, o Presidente francês anunciou a reunião em Paris dos "chefes dos Estados-Maior das Forças Armadas dos países que desejam assumir responsabilidades a este respeito".
A reunião realiza-se na terça-feira, dia 11, na presença do Presidente francês, e decorrerá em paralelo com o Fórum de Defesa e Estratégia de Paris, organizado durante três dias na capital francesa pela Academia de Defesa da Escola Militar.
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