O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo anunciou, esta quarta-feira, que irá avançar com sanções contra 287 membros da Câmara dos Comuns do Reino Unido. A notícia é avançada pelo The Guardian, que cita a agência de notícias russa Interfax.
A decisão surge como uma retaliação após o governo britânico ter incluído, a 11 de março, 286 membros da Duma (parlamento russo) na sua lista de pessoas e entidades sancionadas devido à invasão russa da Ucrânia.
Segundo um comunicado, os 287 deputados “estão agora proibidos de entrar na Federação Russa” por terem “desempenhado um papel mais ativo no estabelecimento de sanções antirussas em Londres, contribuindo para a infundada histeria russofóbica”.
“A retórica hostil e as acusações rebuscadas vindas dos lábios dos parlamentares britânicos, não só toleram o caminho hostil de Londres, destinado a demonizar o nosso país e o seu isolamento internacional, como também são utilizadas pelos opositores de um diálogo mutuamente respeitoso com a Rússia para minar os alicerces da cooperação bilateral”, acrescenta o comunicado do Ministério russo.
A lista, na maioria membros do Partido Conservador, inclui o presidente da Câmara dos Comuns, Lindsay Hoyle, o secretário de Estado do 'Brexit', Jacob Rees-Mogg, e o ministro do Ambiente, George Eustice, mas também Diane Abbott, deputada Trabalhista próxima do ex-líder do 'Labour' Jeremy Corbyn.
Porém, a lista está desatualizada, pois inclui os conservadores Nicholas Soames, Justine Greening, Oliver Letwin e Dominic Grieve, que foram afastados do partido pelo primeiro-ministro, Boris Johnson, por serem pró-europeus antes das eleições legislativas de 2019.
Em 16 de abril, Moscovo já tinha proibido Johnson e vários outros altos funcionários britânicos de entrar na Rússia, incluindo o ministro da Justiça, Dominic Raab, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Liz Truss, o ministro da Defesa, Ben Wallace, a ex-primeira-ministra Theresa May e a primeiro-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon.
Nas últimas duas semanas, a Rússia também impediu a entrada de dezenas de políticos norte-americanos e canadianos, também em resposta a medidas semelhantes de Washington e Otava.
Ao 63.º dia da invasão russa da Ucrânia, pelo menos dois mil civis morreram, segundo dados apurados pela Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
[Notícia atualizada às 14h30]
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