República Checa critica Rússia e defende redução da dependência do gás

O primeiro-ministro checo, Petr Fiala, criticou hoje o corte pela Rússia do fornecimento de gás à Polónia e à Bulgária, defendendo ser urgente uma diminuição da dependência em relação a energia com origem na Rússia.

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Lusa
27/04/2022 12:17 ‧ 27/04/2022 por Lusa

Mundo

Rússia/Ucrânia

"Esta é mais uma prova de que devemos gradualmente livrar-nos da dependência de combustíveis fósseis russos", afirmou o primeiro-ministro numa mensagem divulgada através da rede social Twitter.

A República Checa é um dos países da União Europeia (UE) mais dependentes do gás natural russo, já que 100% das importações deste combustível provêm da Rússia.

Na mesma mensagem, Petr Fiala considerou ainda que a decisão da empresa Gazprom constitui "uma violação dos contratos existentes".

O grupo russo Gazprom anunciou hoje que suspendeu todas as suas entregas de gás à Bulgária e à Polónia, dois países membros da União Europeia, por não terem feito o pagamento em rublos.

Também o Governo da Hungria reagiu ao anúncio russo, tendo o ministro dos Negócios Estrangeiros garantido que o país não está a ser afetado.

"As notícias de que as entregas da Gazprom à Bulgária pararam podem ser preocupantes", mas o trânsito de gás russo para a Hungria via Bulgária vai continuar a processar-se, assegurou Peter Szijjarto num vídeo publicado hoje na rede social Facebook.

"Gostaria de garantir a todos que a não entrega de gás à Bulgária não significa a interrupção do trânsito pela Bulgária", afirmou, lembrando que a Hungria recebe cerca de 3,5 mil milhões de metros cúbicos de gás russo por ano através de um gasoduto que passa pela Turquia, Bulgária e Sérvia.

Segundo explicou o ministro, o fornecimento de gás russo foi garantido à Hungria no âmbito de um acordo com a Rússia para que os pagamentos de energia seriam feitos ao Gazprombank em euros e depois convertidos em rublos.

Entretanto, o presidente da câmara de deputados da Rússia (Duma), Viacheslav Volodin, congratulou-se com a decisão de cortar o gás russo à Bulgária e à Polónia, defendendo mesmo que a medida deve ser estendida a "outros países inamistosos".

"A Gazprom suspendeu totalmente o abastecimento de gás à Bulgária e à Polónia. É uma decisão correta", escreveu Volodin no canal de mensagens Telegram, referindo que os dois países da UE tiveram oportunidade de "aceitar a proposta" do Presidente russo para pagar o gás em rublos.

"Os dirigentes desses países não o quiseram fazer. Agora têm de explicar aos seus cidadãos como vão sair desta situação e que interesses tiveram em conta ao tomar essa decisão", sublinhou.

O presidente da Duma acrescentou ainda que "é preciso agir da mesma forma em relação a outros países hostis" em relação à Rússia.

O Presidente russo, Vladimir Putin, assinou, em 31 de março, um decreto que estabelecia que o comércio de gás natural russo com "países hostis" - os 27 da UE e outros 21 Estados -- devia passar a ser feito em rublos.

A medida foi adotada em resposta às sanções ocidentais contra a Rússia pela chamada "operação militar especial" que implicou a invasão da Ucrânia pelas forças russas na madrugada de 24 de fevereiro.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já assegurou que Bruxelas tem planos de contingência para contornar os cortes de gás da Rússia, sublinhando que a decisão "constitui um instrumento de chantagem".

Os dois países atingidos - a Polónia e a Bulgária - garantiram hoje que conseguem continuar a fornecer gás aos consumidores, assegurando que têm fornecedores alternativos, mas admitindo também que contam com a ajuda da União Europeia.

A guerra na Ucrânia já matou mais de dois mil civis, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

O conflito causou a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, das quais mais de 5,16 milhões para fora do país, ainda de acordo com a organização.

Leia Também: Ucrânia. Polónia e Bulgária garantem que têm alternativas ao gás russo

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