"A guerra na Ucrânia só será resolvida no campo de batalha"

A guerra na Ucrânia só será resolvida no campo de batalha e não é possível prever o que pode acontecer, incluindo na própria Rússia, afirmou em entrevista à Lusa o diplomata finlandês René Nyberg.

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Lusa
28/04/2022 08:07 ‧ 28/04/2022 por Lusa

Mundo

René Nyberg

"A situação só vai parar quando houver um vencedor claro, um resultado claro e inequívoco no campo de batalha para um deles", considera o ex-embaixador finlandês na Rússia e na Alemanha.

Especialista em assuntos de segurança, Nyberg considera que "a Ucrânia não vai desistir" e que tem "quase a certeza de que a Ucrânia será capaz de vencer".

"Digo que o exército ucraniano pode prevalecer nas batalhas a que assistimos agora, o que seria uma derrota para a Rússia; ganhar é outra coisa", explicita o diplomata.

Segundo René Nyberg, do que se pode perceber hoje do que diz Moscovo, o mínimo que a Rússia quer são os territórios do Donbass e a Crimeia e cortar o acesso da Ucrânia ao mar, o que, no seu entender, é bastante menos do que "uma mudança de regime", ou do que "conquistar toda a Ucrânia".

Todavia, a indeterminação da situação leva a que seja muito difícil de prever o que pode acontecer, sendo certo que, segundo diz, "não há maneira de voltar à normalidade anterior".

"A Rússia rompeu connosco, rompeu com a Europa, começou uma guerra contra um vizinho, pelo que não há nenhuma arquitetura de segurança europeia que possa resolver este problema enquanto não tivermos o fim da guerra".

Por outro lado, o ex-embaixador é da opinião que depois da guerra a Rússia não voltará ao que era dantes e que há que admitir que haverá mudanças, que poderão ser "para pior".

"A história russa mostra que, se a Rússia perder uma guerra -- e é possível que isso aconteça agora, pelo menos já a perdeu moralmente -- haverá uma mudança de rota do governo, mas isto é tão só a experiência histórica, é impossível prever qualquer coisa", adverte.

De acordo com o especialista, se, todavia, houver mudanças na Rússia, elas acontecerão rapidamente e serão uma surpresa, que pode ser "muito desagradável".

De um ponto de vista bilateral entre a Finlândia e a Rússia, o ex-embaixador pensa que a guerra mudou as relações entre ambos os países e que "não há maneira de voltar ao que era dantes".

"Não há comércio, as empresas finlandesas estão a deixar a Rússia, deixámos de comprar carvão e estamos prestes a deixar de comprar petróleo e não estamos dependentes do gás, ainda compramos eletricidade, mas podemos viver sem isso, somos bastante auto-suficientes", afirma.

Para Nyberg, é muito difícil de antever que tipo de relações comerciais poderão vir a existir entre os dois países: "não sabemos que tipo de Rússia teremos, porque esta guerra irá resultar em mudanças consideráveis. Não sabemos quais, mas haverá".

Leia Também: Finlândia atinge "ponto de não retorno" na adesão à NATO

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