O executivo da Alemanha liderado pelo chanceler Olaf Scholz (SPD) tem sido muito criticado pelas cautelas demonstradas em relação ao envio de armas para Kyiv.
A moção com o título "Defender a paz e a liberdade na Europa - Apoio global à Ucrânia" foi apresentada pelos três grupos parlamentares que apoiam o governo liderado pelos social-democratas do SPD e foi apoiada pelos conservadores, na oposição.
O documento foi aprovado pela maioria dos deputados presentes.
"Após o dia 24 de fevereiro o nosso mundo mudou: uma guerra terrível agrava-se no coração da Europa, violando o direito internacional, com crimes de guerra e uma brutalidade e uma crueldade dificilmente imagináveis", disse na abertura do debate a chefe do grupo parlamentar dos Verdes, Britta Hasselman.
A Ucrânia "tem o direito ilimitado à autodefesa", acrescentou Hasselman.
A moção estipula que, "em conformidade" com a Carta das Nações Unidas, a Alemanha venha a fornecer armamento defensivo assim como aprova o envio de armas às forças ucranianas através de trocas com "países terceiros".
Segundo o documento, as armas enviadas pela Alemanha devem ser "do tipo soviético ou russo" para permitir a utilização imediata.
Deste modo, é necessário o uso de um "procedimento de troca circular": os países da Europa Oriental teriam que entregar armas de fabrico soviético à Ucrânia e receberiam da Alemanha ou de outros parceiros da NATO equipamentos ocidentais de substituição.
Hoje, os deputados saudaram a decisão do governo de Scholz pela autorização, na quarta-feira, sobre o envio para a Ucrânia de blindados Guepard, fabricados por um grupo industrial privado alemão.
Mesmo assim, os parlamentares dizem que o governo precisa "fazer mais" para a ajudar a Ucrânia.
O chanceler alemão tem justificado a prudência quanto ao envio de armas afirmando que é preciso evitar o confronto direto entre a NATO e a Rússia.
A pressão política contra a prudência do chanceler Olaf Scholz tem vindo a aumentar nas últimas semanas, inclusivamente no contexto da coligação governamental, onde Verdes e Liberais consideram insuficientes os apoios de Berlim a Kyiv.
Os partidos que apoiam o governo têm exortado Olaf Scholz a enviar para a Ucrânia material ofensivo, nomeadamente veículos blindados.
Hoje, o chanceler alemão foi fortemente criticado pelo líder da oposição, o conservador Friedrich Merz (CDU), para quem a restrição sobre a entrega de armas pesadas a Kyiv "não é prudência (...) é hesitação e medo".
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, desencadeando uma guerra que provocou um número de baixas civis e militares ainda por determinar.
A ONU confirmou na quarta-feira que pelo menos 2.787 civis morreram e 3.152 ficaram feridos, mas manteve o alerta para a probabilidade de os números serem consideravelmente superiores.
O conflito levou mais de 5,3 milhões de pessoas a fugir da Ucrânia, na pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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