A embaixadora do Reino Unido na ONU, Barbara Woodward, que presidiu durante este mês ao Conselho de Segurança, considerou "preocupantes" os ataques com mísseis a Kyiv na presença de António Guterres, anunciando que essa agressão será alvo de discussão na próxima semana, apesar de não ter informado uma data concreta.
"Durante a visita do secretário-geral a Kyiv na quinta-feira, registaram-se ataques de mísseis à cidade e isso é motivo de grande preocupação", disse hoje a diplomata, adiantando que o Conselho de Segurança discutirá esse assunto na próxima semana durante uma reunião sobre a Ucrânia, já sob a presidência mensal dos Estados Unidos da América.
Barbara Woodward salientou que a sua delegação está em contacto com Guterres e com a equipa do secretário-geral, e que estão todos bem, apesar dos relatos de vítimas civis.
Kyiv foi alvo na quinta-feira de pelo menos dois bombardeamentos por parte das forças russas enquanto decorria a visita do secretário-geral da ONU, deixando cerca de dez feridos, segundo os serviços de emergência.
Logo após os ataques, António Guterres informou estar "seguro", mas "chocado" com a situação.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenksy, mencionou que "cinco mísseis" atingiram a cidade "logo após o fim das discussões" com Guterres.
Já o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, rapidamente classificou o ataque como um "ato hediondo de barbárie", indicando que os dispositivos disparados eram mísseis de cruzeiro.
"A Rússia mais uma vez demonstra a sua atitude em relação à Ucrânia, à Europa e ao mundo", acrescentou.
O ministro da Defesa ucraniano, Oleksiï Reznikov, por sua vez, declarou tratar-se de um "ataque à segurança do secretário-geral (da ONU) e à segurança mundial".
A Rússia confirmou hoje ter feito o ataque com armas "de alta precisão" contra Kyiv na quinta-feira, causando um morto, durante a visita do secretário-geral da ONU.
Guterres chegou à Ucrânia na quarta-feira, depois de uma visita a Moscovo, onde pediu ao Presidente russo, Vladimir Putin, que coopere com as Nações Unidas para permitir a retirada de civis das áreas bombardeadas, nomeadamente no leste e sul da Ucrânia, onde as forças russas concentram a sua ofensiva.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou cerca de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, das quais mais de 5,4 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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