Perante os avisos da Hungria sobre um potencial veto a sanções europeias que incluam um embargo ao petróleo russo, a União Europeia poderá dispensar a Hungria e a Eslováquia do embargo, evitando assim o veto dos dois governos.
A Hungria é extremamente dependente do petróleo russo, não tendo quaisquer alternativas caso a torneira russa se feche. A Eslováquia, a par de países como a Bulgária e a Roménia, também depende muito da energia russa.
Além disso, os dois países têm governos nacionalistas próximos do Kremlin, e essa proximidade tem dificultado as sanções económicas contra a Rússia - o primeiro-ministro húngaro, Viktor Órban, é aliás o líder europeu que mais tem defendido Putin. Apesar de não vetar muitas das sanções, Órban recebeu os 'parabéns' do presidente russo após a sua reeleição e colocou sempre de parte o embargo a importações de energia, o pilar mais importante da economia russa.
Segundo a Reuters, a Comissão Europeia deverá finalizar um novo pacote de sanções esta terça-feira, o sexto numa longa sequência de 'castigos' contra a economia da Rússia. Este pacote deverá então incluir um embargo ao petróleo russo, com a Alemanha a ceder finalmente na matéria e a preparar-se para abandonar a dependência sobre os recursos energéticos de Moscovo.
Fontes da Comissão contaram à Reuters que Bruxelas poderá incluir "uma isenção ou longo período de transição" para que a Hungria e a Eslováquia se adaptem.
A União Europeia é um dos principais clientes das empresas energéticas russas, nomeadamente da Gazprom, tendo pago quase 20 mil milhões de euros desde o início da invasão. No total, 26% da energia europeia é de origem russa - a dependência, no entanto, muda de país para país, e a Hungria e a Eslováquia dependem em 58% e 95%, respetivamente.
A invasão na Ucrânia tem levado vários governos, como a Letónia e a Polónia, a discutir cada vez mais alternativas às importações de gás e petróleo russo, e a liderança ucraniana tem recordado várias vezes que a União continua a financiar a máquina de guerra russa ao receber gás e petróleo.
A Alemanha, que resistiu durante muito tempo a um embargo, admitiu nos últimos dias que teria capacidade para deixar de utilizar energia russa, abandonando assim as importações de mais de meio milhão de barris de petróleo por dia.
Segundo os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a guerra na Ucrânia já fez mais de 3.000 mortos entre a população civil, mas a ONU alerta que o número real de mortos poderá ser muito superior depois de contabilizadas as baixas em cidades sitiadas e controladas pelos russos.
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