Reverter 'Roe vs Wade'? "Maior restrição de direitos nos últimos 50 anos"

Se a conclusão for aceite pelo Supremo Tribunal, os Estados Unidos voltarão à situação que existia antes de 1973, quando cada estado era livre de proibir ou autorizar a realização de abortos.

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Sara Gouveia com Lusa
03/05/2022 08:25 ‧ 03/05/2022 por Sara Gouveia com Lusa

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EUA

O Supremo Tribunal dos Estados Unidos estará a preparar-se para anular a decisão histórica de 1973 que reconheceu o direito ao aborto, segundo noticiou o Politico, que cita documentos não divulgados. O projeto de decisão divulgado, escrito pelo juiz conservador Samuel Alito e datado de 10 de fevereiro, ainda está a ser negociado até à sua publicação, prevista para antes de 30 de junho.

Segundo o documento obtido, 'Roe v. Wade', o processo que há quase meio século sustentava que a Constituição dos EUA protegia o direito da mulher fazer um aborto, era "totalmente sem mérito desde o início". "Acreditamos que Roe v. Wade deve ser derrubado", acrescenta Samuel Alito, para quem o direito ao aborto "não está protegido por qualquer disposição da Constituição" norte-americana.

Se os restantes juízes aceitarem a indicação, os Estados Unidos voltarão à situação que existia antes desse processo, quando cada estado era livre de proibir (ou não) a realização de abortos.

"Maior restrição de direitos nos últimos 50 anos"

As reações rapidamente se fizeram ouvir. Os democratas condenaram a decisão divulgada. A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, emitiram um comunicado conjunto onde referem que derrubar 'Roe vs Wade' seria "uma abominação, uma das piores e mais danosas decisões da história moderna"

"Se o relatório estiver correto, o Supremo Tribunal está prestes a infligir a maior restrição de direitos nos últimos cinquenta anos – não apenas às mulheres, mas a todos os americanos", pode ler-se.


Também o senador Bernie Sanders tweetou que a notícia mostrou que "o Congresso deve aprovar uma legislação que faça de 'Roe vs Wade' lei da terra neste país AGORA”.

"As pessoas elegeram os democratas precisamente para que pudéssemos liderar em momentos perigosos como estes – codificar Roe, responsabilizar a corrupção e ter um presidente que usa a sua autoridade legal para romper o impasse do Congresso em tópicos que vão desde a dívida estudantil ao clima. Já está na hora de fazermos isso", escreveu também a congressista democrata Alexandria Ocasio-Cortez, através do Twitter.

Para a antiga candidata presidencial Hillary Clinton a decisão não será "surpreendente. Mas um escândalo na mesma". "Esta decisão é um ataque direto à dignidade, diretos e vidas das mulheres, para não mencionar décadas de leis estabelecidas. Vai matar e subjugar mulheres mesmo que a vasta maioria dos americanos pensem que o aborto deva ser legal. Que grande desgraça", acrescentou.

Os republicanos, no entanto, ficaram entusiasmados. Madison Cawthorn, um congressista da Carolina do Norte, escreveu no Twitter: "Por causa de Donald J Trump, 'Roe vs Wade' será anulado".

E o senador Tom Cotton, apesar de condenar a divulgação do documento, também aplaudiu o voto. "Roe estava errado desde o início e rezo para que o Tribunal siga a Constituição e permita novamente aos estados proteger as vidas por nascer".

Dada a grande divisão geográfica e política sobre a questão, caso a decisão avance é esperado que metade dos Estados, especialmente no sul e no centro conservadores, proíbam rapidamente o procedimento.

O Supremo Tribunal foi profundamente revisto pelo ex-Presidente norte-americano Donald Trump, que em cinco anos nomeou três juízes conservadores, solidificando a maioria conservadora da instância. Desde o ano passado que o novo Tribunal tem enviado vários sinais a favor dos oponentes do aborto.

Leia Também: Supremo Tribunal dos EUA pronto para anular direito ao aborto

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