Ucrânia. Vice do Gazprombank diz que Putin "deve ser julgado e enforcado"

Igor Volobuyev, nascido na Ucrânia, decidiu juntar-se às tropas ucranianas após receber apelos de várias pessoas que precisavam de "ser salvas" dos russos.

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Márcia Guímaro Rodrigues
03/05/2022 18:38 ‧ 03/05/2022 por Márcia Guímaro Rodrigues

Mundo

Guerra na Ucrânia

Igor Volobuyev - o vice-presidente do maior banco privado russo, Gazprombank, detido pela Gazprom, que decidiu abandonar a Rússia dias após Moscovo invadir a Ucrânia - afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin, “tem de ser julgado e enforcado” pelos crimes cometidos no país vizinho.

“Putin tem de ser julgado e enforcado. Mas apenas de acordo com a lei”, disse Volobuyev ao jornal britânico The Telegraph.

Sobre ter decidido abandonar a Rússia e, na semana passada, ter aparecido em Kyiv para lutar com as tropas ucranianas, o vice-presidente do Gazprombank explica que assistiu à evolução da “operação militar especial” na Ucrânia e que recebeu apelos de várias pessoas que precisavam de ser “salvas das tropas russas”.

“Estava agarrado ao meu telemóvel. Senti como se estivesse sentado num cinema confortável a assistir a um filme de terror”, confessou ao The Telegraph. “É um sentimento miserável quando as pessoas te ligam e dizem: ‘Os russos estão a matar-nos. Trabalhas no Gazprombank. És uma pessoa importante. Podes fazer algo para parar isto?’”, acrescentou.

Volobuyev nasceu na cidade ucraniana de Okhtyrka e afirmou que “não podia ver do lado de fora o que a Rússia estava a fazer” com a sua cidade natal. “Os russos estavam a matar o meu pai, os meus conhecidos e amigos próximos. O meu pai morou num bunker frio durante um mês. Pessoas que eu conhecia desde a infância disseram-me que tinham vergonha de mim”, contou. 

“Durante oito anos eu estive nessa turbulência interna: não trabalhei apenas na Rússia, mas trabalhei para a Gazprom. Trabalhei para o Estado russo”, acrescentou.

Apesar de ter família na Rússia, a invasão da Ucrânia, a 24 de fevereiro, intensificou a sua vontade de voltar ao país natal. “Eu não poderia viver assim durante muito mais tempo: tive de escolher entre a minha família e a minha pátria, e escolhi a minha pátria”, disse Volobuyev.

Foi então que rumou até à fronteira da Rússia com a Ucrânia, estacionou o seu carro e decidiu percorrer os 48 quilómetros até Okhtyrka a pé. No entanto, foi avisado de que poderia ser abatido por guardas da fronteira ou por um bombardeamento russo. Mudou de planos e comprou um bilhete de avião para Riga, na Letónia, através de Istambul. Consigo levou apenas uma mala e oito mil dólares [cerca de 7,6 milhões de euros], o máximo permitido para viajar entre fronteiras. 

Entrar na Ucrânia, conta Volobuyev, “foi tão difícil quanto voar para a lua” e agora vive apenas com o dinheiro que levou consigo, uma vez que é uma das centenas de pessoas russas visadas pelas sanções do Ocidente e não tem acesso às suas contas na Rússia.

Ao 69.º dia de guerra na Ucrânia, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos deu conta de que mais de três mil civis morreram, mas alerta que o número real pode ser muito maior.

Leia Também: Pelo menos 10 mortos em ataque russo a fábrica no leste da Ucrânia

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