Rússia está a atacar Azovstal apesar do cessar-fogo, diz Ucrânia
O exército ucraniano afirmou que as forças russas "estão a tentar destruir" os últimos defensores da fábrica siderúrgica de Azovstal, em Mariupol, apesar de a Rússia ter anunciado um cessar-fogo a partir da manhã de hoje.
© Leon Klein/Anadolu Agency via Getty Images
Mundo Ucrânia/Rússia
"Os ocupantes russos estão a atacar e a tentar arrasar as unidades ucranianas no território de Azovstal", disse o exército ucraniano, em comunicado divulgado hoje de manhã, acrescentando que Moscovo "retomou a ofensiva, com o apoio de aviões, para assumir o controlo da fábrica".
A denúncia do exército ucraniano foi feita poucas horas depois de o Kremlin (presidência russa) ter anunciado, na quarta-feira à noite, que as suas forças iam cumprir um cessar-fogo durante três dias consecutivos, a partir das 05:00 TMG (06:00 em Lisboa) de hoje, para permitir a retirada dos cerca de 200 civis ainda presentes em Azovstal, como referiu o presidente da câmara de Mariupol, Vadim Boitchenko.
O comandante do regimento Azov, Denys Prokopenko, que lidera a defesa do local, indicou, por sua vez, num vídeo divulgado na noite de quarta-feira, que as forças russas conseguiram entrar na siderúrgica e ali travaram "combates violentos e sangrentos".
"Desde há dois dias que o inimigo está dentro das instalações da fábrica", admitiu no vídeo divulgado na rede de mensagens Telegram.
"Estou orgulhoso dos meus soldados porque estão a fazer esforços sobre-humanos para resistir ao ataque do inimigo. Estou grato ao mundo inteiro pelo colossal apoio dado à guarnição de Mariupol. Os nossos soldados merecem", acrescentou.
A fábrica de Azovstal, um enorme complexo siderúrgico atravessado por redes subterrâneas, tem sido o último reduto de resistência dos combatentes ucranianos contra o exército russo em Mariupol, cidade onde se situa um porto estratégico.
A rendição ou captura destes militares seria uma importante vitória para Moscovo.
O autarca Vadim Boitchenko também pediu hoje a continuação da retirada de civis da cidade, realizadas com a ajuda das Nações Unidas e da Cruz Vermelha Internacional.
"Estamos a lutar juntos para salvar cada pessoa, cada morador de Mariupol", assegurou.
Os combates continuam bastante acesos noutras partes do país, sobretudo no leste da Ucrânia, onde, segundo o governador da região de Donetsk, se registou um ataque a uma área residencial de Kramatorsk durante a noite que provocou 25 feridos civis.
O exército russo referiu que esse ataque tinha como alvo um posto de comando ucraniano e dois armazéns militares situados no aeródromo da cidade.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,5 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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