"Os corredores humanitários estão a funcionar" em Azvostal, afirmou o porta-voz do Kremlin (presidência russa), Dmitri Peskov, assegurando que o cessar-fogo prometido está a ser cumprido.
O exército ucraniano afirmou, horas antes, que as forças russas estavam "a tentar destruir" os últimos defensores da fábrica siderúrgica de Azovstal, em Mariupol, apesar de a Rússia ter anunciado um cessar-fogo a partir da manhã de hoje.
"Os ocupantes russos estão a atacar e a tentar arrasar as unidades ucranianas no território de Azovstal", disse o exército ucraniano, em comunicado, acrescentando que Moscovo "retomou a ofensiva, com o apoio de aviões, para assumir o controlo da fábrica".
A denúncia do exército ucraniano foi feita poucas horas depois de o Kremlin ter anunciado, na quarta-feira à noite, que as suas forças iam cumprir um cessar-fogo durante três dias consecutivos, a partir das 05:00 TMG (06:00 em Lisboa) de hoje, para permitir a retirada dos cerca de 200 civis ainda presentes em Azovstal, como referiu o presidente da câmara de Mariupol, Vadim Boitchenko.
O comandante do regimento Azov, Denys Prokopenko, que lidera a defesa do local, indicou, por sua vez, num vídeo divulgado na noite de quarta-feira, que as forças russas conseguiram entrar na siderúrgica e ali travaram "combates violentos e sangrentos".
"Desde há dois dias que o inimigo está dentro das instalações da fábrica", admitiu no vídeo divulgado na rede de mensagens Telegram.
A fábrica de Azovstal, um enorme complexo siderúrgico atravessado por redes subterrâneas, tem sido o último reduto de resistência dos combatentes ucranianos contra o exército russo em Mariupol, cidade onde se situa um porto estratégico.
A rendição ou captura destes militares seria uma importante vitória para Moscovo.
"O lado ucraniano e especialmente [os combatentes] que se refugiaram na siderurgia são conhecidos por fabricar muitas mentiras", considerou hoje Peskov, em declarações a jornalistas.
O porta-voz referiu ainda que a ajuda militar e de informação que o ocidente está a dar à Ucrânia está a impedir a Rússia de "concluir rapidamente" a ofensiva ao país vizinho, sublinhando, no entanto, que todos os objetivos serão alcançados.
"Os Estados Unidos, o Reino Unido, a NATO, no seu conjunto, partilham constantemente informações com as forças armadas ucranianas. Combinadas com o fornecimento de armas (...), estas ações não permitem concluir rapidamente a operação", disse Peskov, reagindo a uma publicação do The New York Times.
A edição de quarta-feira deste jornal norte-americano avançava, citando fontes anónimas dos serviços secretos dos Estados Unidos, que as informações fornecidas por Washington ao exército ucraniano permitiram atingir vários generais russos perto da frente de combate.
Estas ações ocidentais "não são, contudo, capazes de impedir" que se cumpram os objetivos da ofensiva russa na Ucrânia, sublinhou o porta-voz do Kremlin.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,5 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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