Num discurso de reação às afirmações feitas por Vladimir Putin, na manhã desta segunda-feira, o ministro da defesa britânico Ben Wallace acusou o líder russo de "fazer durante os últimos meses e nos últimos anos, uma série de alegações dignas de contos de fadas" acrescentando que se o momento "não fosse tão trágico, seria divertido, mas não é".
Wallace afirmou também que Putin e os seus generais são “totalmente cúmplices” de “sequestrar” a memória das tropas russas que afastaram os nazis na Segunda Guerra Mundial.
Segundo o governante britânico em Moscovo, Putin afirmou que o seu ataque ao vizinho da Rússia era necessário para afastar “uma ameaça absolutamente inaceitável próxima das nossas fronteiras”.
"A NATO não está a cercar a Rússia", porque a organização "tem um raio de ação que corresponde a 6% da sua fronteira terrestre. Ora, isso não é estar cercado, quando apenas 6% da fronteira terrestre é com países da NATO", clarifica o ministro da Defesa do Reino Unido.
“Acho que ele está a acreditar no que quer acreditar" sublinhou, sendo que revela "leve toque de desespero" e destaca que: "a NATO, a Grã-Bretanha, a Europa Oriental não planeia invadir a Rússia e nunca o fizeram”.
Comparando a atualidade com o regime da União Soviética (URSS), deposto em 1991, o secretário de Defesa referiu também que o sofrimento russo foi usado sob os soviéticos “como é agora, para encobrir a inadequação daqueles que governam em segurança e conforto por trás dos muros do Kremlin”.
“O medo e a bajulação ditavam os comportamentos da época, e as forças armadas russas de hoje ainda carregam essa marca soviética – a marca da amoralidade e da corrupção”, sublinha.
“São eles que realmente insultam a memória do Regimento Imortal (exército soviético da Segunda Guerra Mundial)" destaca, e acusa também os líderes militares de serem "totalmente cúmplices no sequestro de Putin da orgulhosa história dos seus antepassados de defesa contra a invasão implacável".
Conclui então que se um dia foram os nazis a infligir sofrimento à Rússia “agora são eles [o Kremlin] que infligem sofrimento desnecessário a serviço do banditismo" algo que faz com que "não possa haver dia de vitória, apenas desonra e certamente derrota na Ucrânia”, reforça o ministro.
Recorde-se que no discurso inicial do 'Dia da Vitória' dado por Vladimir Putin, na manhã desta segunda-feira, o líder russo referiu que: "A decisão da Rússia [em relação à Ucrânia] foi a mais correta", uma vez que "uma estrutura militar se estava a desenvolver e como estruturas estrangeiras estavam a ajudar e a aumentar o perigo todos os dias".
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