O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) vai reunir na quinta-feira para discutir a decisão do governo talibã de restringir ainda mais os direitos das mulheres afegãs, ao obrigar o regresso do véu completo na rua.
Depois de anos de conquista de direitos e de progresso, as mulheres do Afeganistão têm enfrentado uma série de ataques à sua liberdade, desde que os talibãs regressaram ao poder no país no verão de 2021.
Citada pela Reuters, a delegação norueguesa requereu a presença da enviada especial da ONU no Afeganistão, para "abordar o aumento das restrições aos direitos humanos e à liberdade das raparigas e mulheres".
Além da imposição do véu completo a todas as mulheres, anunciada no sábado, o governo do Afeganistão continua a impedir a participação cívica de mulheres, a restringir o acesso ao trabalho e à educação, apesar de ter garantido que iria respeitar os direitos conquistados pelas mulheres ao longo de 20 anos.
A medida tomada pelos talibãs retoma a prática discriminatória que vigorou no país entre 1996 e 2001, antes da coligação liderada pelos Estados Unidos da América invadir, depois do 11 de setembro.
No sábado, o porta-voz do Ministério para a Propagação da Virtude e Prevenção do Vício leu o decreto numa conferência de imprensa em Cabul, capital do Afeganistão, onde explicou que o pai ou o parente masculino mais próximo de uma mulher será visitado e poderá ser preso ou demitido, caso ela não cubra o rosto fora de casa.
"Devem usar o chadri [outro nome para a burca] porque é tradicional e respeitoso", pode ler-se no decreto, que refere ainda: "As mulheres que não são nem demasiado jovens, nem demasiado velhas devem velar o seu rosto quando encontram um homem que não é membro da sua família".
Esta terça-feira, uma dezena de mulheres correu o risco de se manifestar em Cabul e protestou contra a decisão. No entanto, a repressão talibã, que tem impedido manifestações desde agosto, rapidamente dispersou o protesto.
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