Por ocasião da assinatura de um acordo de proteção mútua com o Reino Unido, o chefe de Estado finlandês, Sauli Niinistö, também instou Moscovo a considerar-se responsável por uma eventual adesão de Helsínquia à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte).
"Se aderirmos [à NATO], a minha resposta [à Rússia] será: 'Foram vocês que fizeram isto, vejam-se ao espelho'", afirmou Niinistö.
Mas "aderir à NATO não será contra ninguém", sublinhou, todavia, o Presidente finlandês, dirigindo-se a Moscovo.
"Não é um jogo de soma zero. Se a Finlândia está a aumentar a sua segurança, não é às custas de mais ninguém", frisou, ao lado do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.
O Presidente deve oficializar na quinta-feira a sua posição "pessoal" sobre a adesão, com o anúncio de uma candidatura à Aliança Atlântica esperado para os próximos dias, provavelmente em conjunto com a Suécia.
"A NATO é uma aliança defensiva", afirmou, por seu lado, Boris Johnson.
Numa conferência de imprensa em Helsínquia, os dois dirigentes assinaram uma declaração de assistência mútua entre a Finlândia e o Reino Unido, em caso de guerra.
Esta garantia, idêntica a um texto assinado por Johnson com a Suécia também hoje, horas antes, devem em particular ser usadas durante o período entre a candidatura e a adesão à NATO, uma vez que a proteção da aliança militar ocidental apenas é garantida aos seus membros.
Questionado sobre o risco de uma candidatura à Aliança Atlântica ser encarada como uma provocação por Moscovo, o Presidente finlandês respondeu que foi a Rússia que alterou a situação, no final de 2021.
"Eles (os russos) exigiram que a Finlândia e a Suécia não entrassem para a NATO. Eles exigiram que a NATO não aceitasse mais membros", recordou Niinistö.
"Ao dizer isso, a Rússia disse, de facto, que nós já não tínhamos liberdade de escolha. E isso é uma mudança enorme", defendeu.
"Isso fez-nos pensar, e o que se passou a 24 de fevereiro (invasão russa da Ucrânia) e a enorme guerra que a Rússia está a travar na Ucrânia também alteraram a situação: eles estão prontos para atacar um país vizinho", afirmou.
A Finlândia, que partilha uma fronteira de quase 1.300 quilómetros com a vizinha Rússia, ficou fora da NATO após o fim da Guerra Fria, embora tendo-se tornado parceira da aliança militar ocidental.
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