"Atualmente na Nigéria há 18,5 milhões de crianças fora da escola, das quais 60% (mais de 10 milhões) meninas", lamentou na quarta-feira, perante os jornalistas, o responsável da Unicef em Kano (norte da Nigéria), Rahama Farah.
No ano passado, a Unicef estimou em 10,5 milhões o número de crianças sem acesso à educação no país mais populoso de África.
Numerosos ataques contra escolas por extremistas islâmicos e grupos criminosos no norte do país prejudicaram a educação das crianças, explicou Farah.
"Estes ataques criaram um ambiente de aprendizagem precária, desencorajaram os pais e os tutores de enviar as crianças para a escola", acrescentou.
Desde o rapto pelo grupo extremista Boko Haram de 200 alunas da aldeia de Chibok, em 2014, dezenas de escolas foram alvo de raptos semelhantes.
No ano passado, cerca de 1.500 alunas foram raptadas por homens armados, segundo a Unicef.
Enquanto a maioria das jovens reféns foi libertada após o pagamento de resgates, algumas continuam cativas nas florestas, onde se escondem os grupos armados.
No norte predominantemente muçulmano, só uma menina, em cada quatro provenientes de "famílias pobres e rurais", termina a escolaridade, disse Farah.
A insegurança "acentua as desigualdades de género", lamentou.
A violência e os raptos em massa forçaram as autoridades a fechar, desde dezembro de 2020, mais de 11 mil escolas no país, segundo a Unicef.
A agência da ONU alerta desde então contra um aumento dos casos sinalizados de casamentos infantis e gravidezes precoces.
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