Numa mensagem em inglês de cerca de 12 minutos, Mark Rutte considerou que as sanções coletivas impostas à Rússia "não têm paralelo na história" e devem ser mantidas até que o conflito termine e "a soberania da Ucrânia seja restaurada", realçando que se deve "tomar o próximo grande passo o mais rápido possível e se pare de comprar petróleo russo".
"Deixem-me dizer claramente que os Países Baixos estão preparados para dar esse passo sem demora junto com os nossos parceiros e aliados", enfatizou Mark Rutte, o segundo chefe de um governo europeu a se dirigir ao parlamento da Ucrânia, depois do britânico Boris Johnson.
O Governo neerlandês já disse que planeia eliminar de forma gradual a utilização do gás russo até o final de 2022, enquanto a Comissão Europeia quer suspender todas as importações de petróleo bruto da Rússia dentro de seis meses, uma medida que necessita do voto a favor de todos os Estados-membros da UE.
"Vamos estar convosco em cada centímetro do caminho, até que a paz, a liberdade e a democracia sejam restauradas na Ucrânia e a justiça seja feita. Não pode haver outro resultado. (...) Isto significa ajudá-los depois da guerra, no caminho da recuperação, reconstrução e justiça", acrescentou.
Mark Rutte classificou a invasão russa da Ucrânia de "impiedosa, injusta e devastadora" e baseada em "raciocínios falsos e mentiras descaradas", observando que "o poder militar da Rússia é enorme, o que torna o espírito de luta das Forças Armadas da Ucrânia e a coragem do seu povo ainda mais admiráveis".
"É como David contra Golias. E todos nós sabemos quem ganhou esta luta. O presidente [Vladimir] Putin pode ter assumido que poderia isolar a Ucrânia e dividir as forças democráticas no Ocidente com uma rápida vitória militar. Mas estava enganado. Na verdade, foi um grave erro de cálculo, porque aconteceu o contrário", alertou.
O primeiro-ministro dos Países Baixos sublinhou os "laços familiares cada vez mais estreitos" entre a UE e a Ucrânia, mas não comentou a vontade de Kyiv de aderir à UE rapidamente, ideia a que se opõe.
"Devemos aproveitar todas as oportunidades para fortalecer esta cooperação entre a Ucrânia e a EU, e trabalhar juntos na recuperação e reconstrução de uma forma que aproxime a Ucrânia da UE. Mas hoje a linha de fundo é esta: a família é a família, e há uma guerra a ser vencida. E vocês vão vencê-la", afirmou.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,5 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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