O apedrejamento até à morte da estudante ocorreu no estado de Sokoto, onde a 'sharia' (lei islâmica) está em vigor juntamente com a legislação comum, como noutros Estados do norte do país, predominantemente muçulmano e conservador.
Dezenas de estudantes da Shehu Shagari School apedrejaram na quinta-feira a estudante Deborah Samuel e depois queimaram o corpo após lerem um comentário que ela colocou nas redes sociais e que consideraram ofensivo para o profeta Maomé.
Hoje, Muhammadu Buhari "condenou fortemente" esse ato de violência que classificou como "preocupante" e pediu à população que respeite a lei.
"Ninguém tem o direito de fazer justiça com as próprias mãos neste país. A violência nunca resolveu e nunca resolverá nenhum problema", disse Buhari, num comunicado.
Dois suspeitos de participarem na lapidação foram detidos, segundo a polícia.
O sultão de Sokoto, Muhammadu Sa'ad Abubakar, a mais alta autoridade espiritual dos muçulmanos nigerianos, e o influente bispo católico de Sokoto, Mathew Hassan Kukah, apelaram na quinta-feira à calma após o assassínio da estudante.
"O Conselho do Sultanato condenou o incidente [...] e instou as agências de segurança a levarem à justiça os autores deste incidente injustificável", disse Abubakar, também através de um comunicado.
O sultão, que também lidera o Conselho Inter-Religioso da Nigéria para a Harmonia Inter-Religiosa (NIREC, na sigla em inglês), pediu que "todos permaneçam calmos e garantam a coexistência pacífica" no país.
O bispo católico Kukah também denunciou o apedrejamento até à morte, invocando um "choque profundo".
"Pedimos às autoridades que investiguem esta tragédia e garantam que todos os culpados sejam levados à justiça", disse.
Um vídeo partilhado nas redes sociais mostra a estudante morta, com o rosto a sangrar, usando um vestido rosa, deitada no chão cercada por dezenas de grandes pedras atiradas pelos agressores.
A polícia disse que todos os suspeitos identificados neste vídeo serão presos.
A Nigéria, país de 215 milhões de habitantes que se divide quase em partes iguais entre o norte, predominantemente muçulmano, e o sul, maioritariamente cristão, é um dos países mais religiosos do mundo.
No Islão, a blasfémia, sobretudo contra Maomé, é punível com a morte sob a 'sharia', introduzida em 2000 em 12 estados do norte da Nigéria.
Os tribunais islâmicos, que operam em paralelo com o sistema de justiça, já proferiram sentenças de morte por adultério, blasfémia ou homossexualidade, mas nenhuma execução ocorreu até agora.
Dois muçulmanos foram condenados à morte em 2015 e 2020 por tribunais islâmicos por blasfémia contra Maomé.
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