EUA elogiam "liderança" da Grécia desde o início da invasão russa

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, elogiou esta segunda-feira a Grécia pela "liderança moral" desde o início da invasão russa da Ucrânia, durante um encontro, em Washington, com o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis.

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© Drew Angerer/Getty Images

Lusa
16/05/2022 23:47 ‧ 16/05/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia

A visita o chefe do governo grego aos Estados Unidos tem como objetivo a comemoração, adiada anteriormente devido à pandemia de covid-19, do bicentenário do início da guerra da independência grega, uma luta de mais de oito anos que levou à queda do Império Otomano.

Joe Biden e a primeira-dama, Jill Biden, receberam Mitsotakis e a sua mulher, Mareva Grabowski-Mitsotakis, na Casa Branca, embora a celebração daquela efeméride tenha sido agora 'ensombrada' pela guerra na Ucrânia.

Biden elogiou a Grécia por mostrar "clareza moral" ao impor de imediato sanções contra a Rússia desde o início da invasão da Ucrânia, fornecer assistência militar a Kiev e acolher refugiados ucranianos que fogem do conflito.

"Estamos a enfrentar unidos o desafio da agressão russa", lembrou, por sua vez, Mitsotakis no início da reunião na Sala Oval com Biden, salientando que o relacionamento entre os dois países está "no auge de todos os tempos".

Numa altura em que a Europa procura terminar com a dependência energética para com os russos, Mitsotakis defendeu a ideia de que a Grécia se deve tornar um centro de energia que pode trazer gás do sudoeste da Ásia e do Médio Oriente para a Europa Oriental.

"A Grécia planeia desempenhar um papel muito importante como porta de entrada para a eletricidade produzida a partir de fontes baratas e renováveis", apontou.

O novo gasoduto entre a Grécia e a Bulgária, construindo durante a pandemia de covid-19, testado e que deve entrar em operação em junho, está programado para trazer grandes volumes de fluxo de gás entre os dois países, em ambas as direções, para gerar eletricidade, para a indústria do combustível e para aquecimento de habitações.

A nova conexão, chamada Gas Interconnector Grécia-Bulgária, permitirá à Bulgária o acesso a postos na vizinha Grécia, que importam gás natural liquefeito, bem como trazer gás do Azerbaijão através do novo sistema que termina na Itália.

A Rússia anunciou no mês passado que ia cortar as exportações de gás natural para a Bulgária e a Polónia, devido à recusa destes países em pagar em rublos.

A presença do chefe do governo grego ocorre também depois da Grécia, país da NATO, ter estendido formalmente na semana passada o acordo militar bilateral com os Estados Unidos, por cinco anos, que concede aos militares norte-americanos o acesso a três bases no continente grego, bem como a presença naval norte-americana na ilha de Creta.

Mitsotakis também já manifestou o apoio da Grécia à Finlândia e à Suécia para a sua candidatura de adesão à Aliança Atlântica, processo que tem o apoio de praticamente todas as 30 nações, à exceção da Turquia.

Além de discursar no Congresso norte-americano, o primeiro-ministro grego deve ser homenageado na terça-feira, num almoço oferecido pela presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi.

A guerra na Ucrânia, que hoje entrou no 82.º dia, causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas -- cerca de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,1 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

A ONU confirmou hoje que 3.668 civis morreram e 3.896 ficaram feridos, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.

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