"Em nenhum momento pedi a Bar que determinasse que o meu depoimento [no tribunal] não se pudesse realizar. Isso é uma mentira completa", escreveu Netanyahu numa declaração divulgada hoje pelo seu gabinete, respondendo a uma das acusações de Bar.
Segundo Bar, Netanyahu pediu-lhe para encontrar uma maneira de suspender as suas aparições semanais no julgamento em que está indiciado por corrupção.
Bar, que foi demitido por Netanyahu em meados de março numa decisão que o Supremo Tribunal mantém suspensa, depôs perante o tribunal na semana passada e afirmou que sua demissão se deveu a uma exigência de lealdade pessoal do primeiro-ministro.
No documento divulgado hoje, Netanyahu partilhou transcrições de várias conversas nas quais ele parece pedir a Bar que encontre forma de mantê-lo seguro durante as suas idas a tribunal, que começaram em dezembro de 2024, mas deixando claro que quer comparecer.
"Na minha opinião há soluções, até mesmo soluções relativamente simples, mas tens de me dar essas soluções para que eu possa, por um lado, testemunhar e, por outro, não morrer", disse o presidente a Bar numa reunião em novembro passado, segundo a transcrição.
Segundo Netanyahu, as conversas começaram depois de um drone do grupo xiita libanês Hezbollah ter atingido a sua residência, danificando a fachada.
Ainda na sua resposta ao Supremo Tribunal, Netanyahu afirmou que as outras acusações de Bar, como a de que lhe pediu para usar o Shin Bet contra manifestantes envolvidos em protestos anti-Governo, são falsas ou tiradas de contexto.
Netanyahu tem continuamente acusado Bar de não ter conseguido impedir os ataques do Hamas a Israel de 7 de outubro de 2023, que mataram cerca de 1.200 pessoas e fizeram 251 reféns (59 permanecem em Gaza após ano e meio de guerra).
"Ronen Bar falhou no seu papel como líder do Shin Bet e perdeu a confiança de todo o Governo israelita na sua capacidade de continuar a liderar o Shin Bet. Essa é a razão que levou à sua demissão", escreveu Netanyahu no documento.
A oposição israelita tem considerado que a decisão do Governo foi sobretudo ditada pelo desejo de Netanyahu de se livrar do chefe do departamento que conduziu a investigação no âmbito da qual dois familiares seus estão detidos, suspeitos de terem recebido subornos do Catar.
O chamado caso "Qatargate", revelado em parte pelo jornal israelita Haaretz, investiga alegados pagamentos do Qatar, entre maio de 2002 e outubro de 2024, a conselheiros de Netanyahu para melhorar a imagem do país árabe em Israel.
Em 4 de abril, a procuradora-geral de Israel anunciou ter concluído que a decisão do Governo de Israel de demitir o chefe do Shin Bet padece de um vício fundamental, um conflito de interesses do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.
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