FIRC denuncia desigualdade na gestão de refugiados ucranianos e africanos

O presidente da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICR) lamentou hoje a diferença da gestão, na Europa, dos refugiados oriundos da Ucrânia e dos provenientes de África, afirmando que fogem dos mesmos perigos.

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Lusa
16/05/2022 23:59 ‧ 16/05/2022 por Lusa

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Refugiados

"Sim, há dois pesos e duas medidas (...) e não há como negá-lo quando se trata de pedidos de proteção", disse Francesco Rocca, por ocasião do fórum que vai decorrer em Nova Iorque, de 17 a 20 de maio, para avaliar os progressos feitos desde a adoção em 2018 do Pacto Global de Migração Segura.

"Aqueles que fogem da violência, aqueles que procuram proteção, devem ser tratados em pé de igualdade. Acho que não há diferença entre alguém que foge de Donbass (Ucrânia) e alguém que foge da violência do grupo radical Boko Haram na Nigéria", vincou o presidente da FICR, organização que reúne 192 sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.

Com um "grande coração e uma grande alma", disse, "as comunidades na Europa conseguiram receber milhões de pessoas, em poucos dias, da Ucrânia", mas quando vêm de África através do Mediterrâneo e são apenas alguns milhares de pessoas, não é a mesma coisa.

"A resposta política, pública e humanitária à crise ucraniana mostrou o que é possível quando a humanidade e a dignidade estão em primeiro lugar, quando há solidariedade global e vontade de ajudar e proteger os mais vulneráveis", declarou Francesco Rocca, citado pela agência francesa AFP.

Para o responsável, este apoio deve ser alargado a todos os que dele precisam, de onde quer que venham. "A etnia e a nacionalidade não devem ser fatores decisivos para salvar vidas", defendeu.

O pacto foi assinado em dezembro de 2018, numa conferência realizada em Marrocos, tendo a sua ratificação contado com os votos favoráveis de 152 países membros da ONU.

Contudo, foi alvo da oposição de cinco Estados com longa história migratória - Estados Unidos, Polónia, Israel, Hungria e República Checa - e também da abstenção de 12 outros países.

O fórum na ONU vai reunir políticos e representantes da sociedade civil, das diásporas, do setor privado, de universidades, sindicatos e parlamentos.

"À medida que começamos a primeira revisão do progresso desde (2018), lamento dizer (...) que não houve mudanças suficientes nas políticas e práticas para garantir uma migração segura e digna", sublinhou o presidente da organização.

"Muitas mais vidas foram perdidas como resultado desta incapacidade de agir", insistiu, assinalando que o número de mortos no Mediterrâneo aumentou desde 2018.

O pacto foi adotado com o objetivo de fortalecer a cooperação internacional para uma "migração segura, ordenada e regular" através de um conjunto de princípios orientadores e um quadro político multilateral.

Leia Também: Açores e Lisboa com grau avançado na integração de migrantes e refugiados

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