"Estigmatizar grupos de pessoas por causa de uma doença nunca é aceitável. Pode ser um obstáculo ao fim de um surto, pois pode levar as pessoas a não procurarem cuidados médicos, e levar a uma propagação não detetada", disse a Organização Mundial de Saúde (OMS) numa declaração sobre o Monkeypox, na sexta-feira.
A OMS emitiu a sua posição depois de homens homossexuais e bissexuais dizerem que se sentiram destacados nos relatórios que ligam a maioria dos casos na Europa a homens que têm relações sexuais com homens.
O vírus pode afetar tanto homens como mulheres, independentemente da orientação sexual.
Foi a Agência de Saúde Pública do Reino Unido (UKHSA) que fez esta ligação pela primeira vez a 16 de maio, quando relatou que os últimos casos detetados nessa altura "identificam como gays, bissexuais ou outros homens que têm relações sexuais com homens (HSH)". Dois dias depois, a UKHSA aconselhou "as pessoas, particularmente as que são gays, bissexuais ou HSH, a estarem atentas a qualquer erupção anormal ou lesão em qualquer parte do seu corpo, especialmente nos órgãos genitais".
Novos surtos detetados desde quarta-feira confirmaram que uma grande proporção das infeções na Europa está concentrada em homens que têm relações sexuais com homens. É o caso do surto associado à Sauna Paraiso em Madrid, que atuou como fonte de infeção. Também o Festival do Orgulho Gay realizado em Maspalomas (Canárias), ao qual assistiram alguns dos casos detetados em Madrid e Itália, como noticiado ontem pelo El País. Há ainda a relatar os casos diagnosticados na Bélgica entre os participantes no Festival de Darklands em Antuérpia.
O Monkeypox pode afetar tanto homens como mulheres, independentemente da orientação sexual. Pode ser transmitida por gotículas respiratórias e a transmissão requer um contacto próximo. Não foi provado nem excluído que possa ser transmitido sexualmente, a OMS relatou, uma vez que as relações sexuais requerem um contacto próximo que pode permitir a transmissão respiratória.
"Uma proporção notável de casos recentes no Reino Unido e na Europa foram detetados em homens homossexuais e bissexuais, por isso encorajamo-los particularmente a vigiar os sintomas e procurar ajuda se estiverem preocupados", disse Susan Hopkins, diretora médica da UKHSA, numa declaração.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou na sexta-feira que há cerca de 80 casos confirmados de infeção pelo vírus Monkeypox em 11 países, afirmando que estes surtos são atípicos porque estão a ocorrer em países não endémicos.
A Organização Mundial da Saúde apelas às pessoas para se manterem informadas, através de fontes fiáveis, como as autoridades de saúde nacionais, sobre a extensão do surto na sua comunidade (se houver), sintomas e prevenção.
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