"Este ano deveríamos ter uma reunião do conselho estratégico. Não há mais ninguém chamado Mitsotakis no meu registo. Jamais vou aceitar ter um encontro assim com ele, porque [nós] caminhamos no mesmo caminho do que os políticos que cumprem as suas promessas, que têm caráter e que são honrados", disse o chefe de Estado da Turquia, após uma reunião de gabinete.
Erdogan acusou a vizinha Grécia de abrigar seguidores do teólogo muçulmano Fethullah Gulen, que a Turquia diz estar por trás de uma tentativa fracassada de golpe em 2016, e de estabelecer bases militares contra o território turco. Gulen nega há muito a alegação turca.
Então, o Presidente da Turquia acusou Kyriakos Mitsotakis de recomendar às autoridades norte-americanas para que Washington não vendesse caças F-16 à Turquia durante uma recente visita aos Estados Unidos.
Erdogan alegadamente estava a referir-se a um discurso que o governante grego fez em Washington em 17 de maio, quando disse no Congresso que os norte-americanos deveriam evitar criar uma nova fonte de instabilidade no flanco sudeste da NATO.
"A última coisa que a NATO precisa num momento em que o foco é ajudar a Ucrânia a derrotar a agressão da Rússia é outra fonte de instabilidade no flanco sudeste da NATO. E peço que leve isso em consideração quando tomar decisões de aquisição de defesa relacionadas com o Mediterrâneo oriental", disse Kyriakos Mitsotakis, na ocasião.
Respondendo aos cometários de Erdogan de hoje, o porta-voz do Governo grego, Yiannis Economou, disse que Atenas "não vai entrar em confronto de declarações com liderança turca".
"A política externa grega é fortemente baseada na história, no direito internacional e nas nossas alianças, por mais que isso incomode alguns", afirmou.
A Grécia e a Turquia são aliadas da NATO, mas têm relações históricas tensas devido a uma série de questões, incluindo reivindicações concorrentes de fronteiras marítimas que afetam os direitos de exploração de energia no Mediterrâneo oriental.
O Presidente turco ameaçou hoje também lançar uma nova operação militar na Síria para proteger a fronteira sul da Turquia.
O objetivo da operação seria retomar os esforços turcos para criar uma zona segura de 30 quilómetros ao longo da sua fronteira com a Síria.
"Em breve, vamos tomar novas medidas em relação às partes incompletas do projeto que começamos na zona segura de 30 quilómetros de profundidade que estabelecemos ao longo da nossa fronteira sul", disse Erdogan.
O líder turco não adiantou mais pormenores, mas indicou que a operação vai começar depois de as forças militares, de inteligência e de segurança da Turquia concluírem os preparativos.
As forças turcas lançaram três grandes incursões no norte da Síria, assumindo o controlo de áreas ao longo da fronteira numa tentativa de proteger a sua fronteira contra ameaças do grupo extremista Estado Islâmico e das unidades de proteção curdas (YPG).
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