O tiroteio numa escola primária no Texas, pouco tempo depois do massacre num supermercado em Buffalo, reanimou o debate em torno da compra, uso e posse de armas automáticas e semiautomáticas nos Estados Unidos - um assunto que gera muita discórdia entre democratas e republicanos.
Líderes democratas voltaram a pedir mais leis que restrinjam a posse de armas, através de verificação de cadastros, registos criminais e diagnósticos de doença mental.
O antigo presidente democrata Barack Obama, que liderou o país durante o infame massacre na escola primária de Sandy Hook, descreveu no Twitter que os pais por todo os Estados Unidos "estão a deitar as crianças nas camas, lendo histórias, cantando baladas - e no fundo, estão preocupados com o que possa acontecer amanhã depois de deixarem os seus filhos na escolha, ou depois de os levarem ao supermercado ou a qualquer outro espaço público".
Obama recordou Sandy Hook - o massacre escolar mais sangrento da história dos Estados Unidos, no qual morreram 26 pessoas, incluindo 20 crianças entre os seis e os sete anos de idade -, argumentando que o país "está paralisado, não pelo medo, mas por um lóbi das armas e um partido político [Republicano] que mostrou não ter vontade em agir numa forma que permita prevenir estas tragédias".
We’re also angry for them. Nearly ten years after Sandy Hook—and ten days after Buffalo—our country is paralyzed, not by fear, but by a gun lobby and a political party that have shown no willingness to act in any way that might help prevent these tragedies.
— Barack Obama (@BarackObama) May 25, 2022
Outra democrata de destaque, a jovem congressista Alexandria Ocasio-Cortez (AOC), uma das vozes proeminentes da esquerda norte-americana, atirou farpas para os dois lados da bancada. Num primeiro tweet, AOC considerou ser um paradoxo a autodenominação de 'pró-vida', usada pelos conservadores que se descrevem como antiaborto.
A democrata de Nova Iorque criticou os líderes republicanos que, dentro de três dias, vão estar num comício anual do maior lóbi de armas dos EUA (como Ted Cruz, Greg Abbott e o antigo presidente Donald Trump); mas também culpou o próprio partido, por apoiar um candidato ao Congresso que defende a posse de armas automáticas.
"No dia de um tiroteio em massa e semanas depois da notícia sobre 'Roe', a liderança democrata patrocinou um incumbente pró-Associação Nacional de Armas e anti-escolha sob investigação, numa eleição primária renhida. A responsabilidade não é partidária. É um falhanço total da liderança", argumentou.
There is no such thing as being “pro-life” while supporting laws that let children be shot in their schools, elders in grocery stores, worshippers in their houses of faith, survivors by abusers, or anyone in a crowded place.
— Alexandria Ocasio-Cortez (@AOC) May 24, 2022
It is an idolatry of violence. And it must end.
Enquanto que o presidente Joe Biden fez um discurso emocionante para as televisões, a vice-presidente, Kamala Harris, reagiu numa série de mensagens, condenando o ataque e, tal como a restante liderança, pedindo mais ação.
"Já chega. Como nação, temos de ter a coração para agir e prevenir que isto volte a acontecer. Já passou tempo que chegue para que o nosso país enfrente o lóbi das armas e aprove leis de segurança de armas razoáveis", escreveu Harris.
Enough is enough. As a nation, we must have the courage to take action and prevent this from ever happening again. It is long past time for our country to stand up to the gun lobby and pass reasonable gun safety laws.
— Vice President Kamala Harris (@VP) May 25, 2022
O massacre em Uvalde, no Texas, fez pelo menos 22 mortos, incluindo 19 crianças, dois professores e o atirador, um jovem de 18 anos chamado Salvador Rolando Ramos, que foi abatido pela polícia. Segundo as autoridades estatais, o jovem comprou duas armas semiautomáticas no seu 18.º aniversário e disparou sobre a avó, que se encontra em estado crítico, antes de se dirigir à escola.
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