O ministro alemão da Economia e Energia, Robert Habeck, expressou, este domingo, receio de que a unidade da União Europeia (UE) no que tocam as sanções contra a Rússia esteja a "começar a ruir".
Os líderes têm encontro marcado na segunda e na terça-feira para discutir o novo (e sexto) pacote de sanções contra Moscovo, que poderá incluir um embargo ao petróleo, assim como a implementação de um programa que propicie o fim da dependência russa.
"Após o ataque da Rússia na Ucrânia, vimos o que pode acontecer quando a Europa se une. Em antevisão à cimeira de amanhã, esperemos que continue assim. Mas está a começar a ruir", confessou o responsável, em conferência de imprensa, citada pela Reuters.
Habeck apelou ainda que a Alemanha fale numa só voz na reunião, em vez de se abster devido às diferenças de opinião no partido que lidera o país. Pediu, assim, um sentido de união semelhante junto dos restantes membros do bloco europeu, recordando o “incrível poder económico” do continente.
“A Europa ainda é uma área económica com um incrível poder. E quando está junta, pode usar esse poder”, sublinhou.
Recorde-se que o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, está a bloquear a adoção de um embargo europeu ao petróleo russo, admitindo ser "muito improvável" que um acordo seja alcançado nos próximos dias, numa carta ao presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
Na carta datada de segunda-feira, o líder húngaro justificou que seria "contraproducente" discutir um sexto pacote de sanções durante a cimeira de chefes de Estado e de Governo dos 27, agendada para 30 e 31 de maio, alegando "falta de consenso".
"Manter a unidade da União Europeia deve continuar a ser a nossa prioridade", complementou, lembrando que o embargo petrolífero proposto "causaria imediatamente graves interrupções de abastecimento na Hungria" e elevaria os preços "em cerca de 55-60%".
Contudo, a presidência francesa considerou, em comunicado, que “ainda existe a possibilidade, nos próximos dias, de desbloquear o veto húngaro", ao passo que o chanceler alemão, Olaf Scholz, admitiu que o país poderá deixar importar petróleo russo até ao final deste ano, assegurando haver uma “grande vontade” de alcançar esta ambição no seio da UE.
A invasão russa da Ucrânia - justificada por Putin pela necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar aquele país para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mais de quatro mil civis morreram e outro quase cinco mil ficaram feridos no conflito, que entrou no seu 95.º dia, este domingo. Ainda assim, o organismo sublinhou que os números reais poderão ser muito superiores, e que só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora palco de intensos combates.
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