Casas, escolas e hospitais foram deixados totalmente devastados e os civis enfrentaram os horrores da guerra, que já ceifou muitas vidas e dividiu muitas famílias", destacou Mardini num comunicado.
Há ainda muitos civis, como os familiares de prisioneiros de guerra, sem nenhuma informação sobre o paradeiro dos seus entes queridos, explicou o responsável do CICR, a organização que tem como missão proteger estes detidos em casos de conflito.
Segundo Mardini, a organização já conseguiu visitar alguns destes prisioneiros de guerra, apesar de nenhum dos lados do conflito ter concedido acesso à totalidade dos detidos, o que coloca em causa a Terceira Convenção de Genebra que estipula que a Cruz Vermelha deve ter livre acesso aos prisioneiros de guerra em zonas de guerra.
O diretor general da CICR relembrou que o conflito para alguns ucranianos atingiu agora os 100 dias, mas para outros, principalmente os habitantes da zona ucraniana do Donbass, é uma ofensiva que se arrasta há mais de oito anos.
"Há muita gente que tem sofrido múltiplas tragédias e muitos habitantes já tiveram de fugir das suas casas em mais do que uma ocasião, refazendo as suas vidas a partir do zero, uma e outra vez", comentou.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas -- mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,8 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou esta sexta-feira que 4.169 civis morreram e 4.982 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 100.º dia, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.
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