"Neste momento estamos a trabalhar na criação de uma escola náutica, permitindo uma maior circulação entre a cidade e o ilhéu", começou por explicar, em entrevista à Lusa, o presidente da Câmara Municipal da Boa Vista, Cláudio Mendonça, referindo-se à dificuldade de acesso ao ilhéu, onde há 200 anos foi construído o Forte Duque de Bragança.
Defende tratar-se de um "sítio histórico que tem as suas potencialidades", mas acrescenta que é necessário "criar condições", desde logo para garantir o transporte, através de pequenas embarcações.
"A ideia é, junto com o Governo, criar condições de acessibilidade (...) podemos tirar mais proveito do ilhéu", sublinhou o autarca.
O forte, construído durante o período colonial português, em 1820, no ilhéu na baía do porto da vila de Sal Rei, tinha a função de defesa daquele ancoradouro contra os então frequentes ataques de piratas à ilha da Boa Vista.
Até aos dias de hoje sobreviveram apenas os canhões e algumas muralhas, que ainda recordam as guerras do passado contra os corsários em Cabo Verde.
Cláudio Mendonça pede o envolvimento do Ministério da Cultura na criação de "condições de visita" ao que resta hoje do secular e quase inacessível forte, pouco mais do que essas muralhas e canhões, que ainda apontam para zona de defesa, mas também o "estudo e pesquisas sobre o local".
Uma autorização governamental de dezembro de 2019 previa a transformação do Forte Duque de Bragança num museu, um dos vários projetos condicionados pela crise económica provocada pela pandemia de covid-19 em Cabo Verde.
Num despacho publicado pelo Ministério da Economia Marítima foi autorizado o Instituto do Património Cultural (IPC) de Cabo Verde a "iniciar obras de reabilitação e conservação" naquele forte, o que depois não chegou a acontecer.
Em concreto, o pedido do IPC para a intervenção consistia em trabalhos ao nível da "consolidação dos muros do forte, limpeza dos arredores, reabilitação dos canhões e construção de um passadiço de madeiro".
"Finalizando esses trabalhos de reabilitação, o IPC irá proceder à musealização do forte com painéis informativos e sinaléticas", lê-se no despacho do Ministério da Economia Marítima, que sublinhava em 2019 o "impacto positivo" deste projeto.
No período da sua edificação, a ilha da Boa Vista exportava sal, algodão, gado e cal, entre outros produtos, tendo sido várias vezes saqueada por piratas entre os anos de 1815 a 1817, antes da construção daquele forte, que atualmente está em ruínas.
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