O primeiro-ministro britânico vai enfrentar esta tarde um novo voto de rejeição ao seu mandato à frente do país, devido ao descontentamento de vários deputados do seu partido, avançou esta segunda-feira a imprensa britânica, confirmando informações do líder do comité privado do Partido Conservador.
Quase 30 deputados já pediram publicamente a Boris Johnson para se afastar da liderança do Partido Conservador, na sequência dos vários escândalos e investigações em torno das festas ilegais de Downing Street.
O primeiro-ministro, no entanto, continua a afastar uma potencial demissão da liderança do país.
Esta segunda-feira, o jornalista Chris Mason, da BBC, avançou que Sir Graham Brady [líder do Comité 1922, o comité privado dos conservadores] anunciou numa carta privada que o quórum dos 54 deputados necessários para apresentar uma carta a pedir um voto de rejeição fora atingida.
Segundo a BBC, o voto será agendado para esta segunda-feira, entre as 18h e as 20h.
This has been sent to Conservative MPs in the last few minutes: https://t.co/CeXlVIVZBl pic.twitter.com/mkJvELGmY8
— Chris Mason (@ChrisMasonBBC) June 6, 2022
Durante a manhã, Paul Brand, editor do canal ITV News, já antecipara o voto, escrevendo no Twitter que "os rebeldes Tory [termo que designa o Partido Conservador] esperam que o Sir Graham Brady faça uma declaração a afirmar que haverá uma moção de rejeição sobre Boris Johnson".
BREAKING: Tory rebels expect Sir Graham Brady to make a statement this morning announcing that there will be a vote of no confidence in Boris Johnson.
— Paul Brand (@PaulBrandITV) June 6, 2022
Only Brady knows the exact details, but this is as certain as anyone has sounded that a vote is on.
"Apenas Brady sabe os detalhes exatos, mas isto é certo para todos que um voto está em cima da mesa", acrescentou.
As regras da política britânica exigem que 54 deputados (15% da composição atual dos Conservadores) apresentem uma moção, que será votada em segredo por todos os deputados do partido. Caso a maioria rejeite a liderança do primeiro-ministro, Boris sairá então do governo - deixando o lugar a um membro do governo até às próximas eleições, à semelhança do que aconteceu com a sua antecessora, Theresa May.
Segundo o The Guardian, explicando as regras de um voto de rejeição, a votação será privada, apenas Brady sabe quantas cartas foram entregues por deputados. A organização é relativamente rápida - quando Theresa May enfrentou um voto em 2018, os deputados votaram no dia seguinte à apresentação de Graham Brady.
Apenas cerca de 30 deputados pediram publicamente a demissão do primeiro-ministro do seu próprio partido, mas vários órgãos de comunicação social alertaram para o facto de muitos outros apoiarem a saída de Johnson, em privado.
Shiny new spreadsheet, now with EXTRA exciting data:
— Tom Larkin (@TomLarkinSky) June 1, 2022
43 MPs questioning PM's position
30 don't support him as leader
28 calling for him to go now
️18 confirmed letters
Plus a breakdown of Brexit votes + state of majorities. pic.twitter.com/IaMkW458YH
O gabinete de Boris Johnson já respondeu ao anúncio do voto. Citado pelo The Guardian, o porta-voz do primeiro-ministro afirmou que a votação é "uma oportunidade para acabar com meses de especulação e seguir em frente, correspondendo às prioridades do povo".
As festas ilegais na residência oficial do primeiro-ministro, no n.º10 de Downing Street, tornaram-se no principal foco dos ataques da oposição a Boris Johnson. No relatório de Sue Gray, funcionária do governo encarregue de investigar as festas, foi descrito um ambiente de festa constante, repleto de álcool e comportamentos agressivos.
Imagens das festas, com Johnson a beber álcool e a celebrar em várias festas - uma delas ocorrida na véspera do funeral do príncipe Philip, marido da rainha Isabel II -, foram especialmente apontadas como provas da confusão, falta de liderança e desrespeito no governo. Do lado de Boris Johnson, a retórica tem-se focado em pedidos de desculpa, mas também pedidos para que a atenção da oposição se direcione para outras questões.
O líder da oposição, Keir Starmer, ele próprio envolvido numa polémica bem mais pequena em torno de um ajuntamento ilegal em tempos de pandemia, continua a pedir a demissão do primeiro-ministro. "Está na hora de fazer as malas", disse o dirigente do Partido Trabalhista, argumentando que "o governo concentrou-se em salvar a própria pele".
[Notícia atualizada às 08h59]
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