Privatização da Petrobras pode demorar até quatro anos, admite Bolsonaro

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, admitiu hoje que a proposta de privatizar a Petrobras, a maior companhia petrolífera brasileira, é um processo "muito difícil" que enfrenta muita resistência e pode demorar até quatro anos.

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© REUTERS/Guga Matos

Lusa
06/06/2022 21:21 ‧ 06/06/2022 por Lusa

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A venda da gigantesca empresa estatal dependerá da proposta de um modelo de privatização adequado, porque o controlo da empresa petrolífera não pode ser simplesmente transferido para o licitante com a oferta mais alta, detalhou.

"A privatização da Petrobras é muito difícil. Falei com o ministro das Minas e Energia (Adolfo Sachsida) e ele tem essa intenção e já começou, mas será difícil avançar", admitiu, numa entrevista com o canal de televisão Terraviva.

"Se tudo correr bem, levaria cerca de quatro anos. E tem de modular bem isso porque não pode simplesmente entregá-lo ao maior licitador. Hoje em dia temos um monopólio estatal no país e se o fizermos [vender ao maior licitador] podemos ter um monopólio privado [controlado] no exterior", afirmou Bolsonaro.

Segundo o Presidente brasileiro, a privatização da empresa estatal será impossível no resto do seu mandato, que termina em dezembro, e só terá lugar no final do próximo mandato de quatro anos, se ganhar as eleições.

O atual líder nas sondagens presidenciais, Lula da Silva, já expressou a sua rejeição da possível privatização.

Durante a entrevista, Bolsonaro voltou a afirmar que os lucros da Petrobras são exagerados e que se devem ao elevado custo do combustível no Brasil, devido à política da empresa estatal de transferir o preço do petróleo bruto nos mercados estrangeiros para os preços do país.

No último dia do mês de maio, o Presidente brasileiro afirmou que pretendia "fatiar" a companhia estatal petrolífera Petrobras porque a empresa não está a cumprir o seu papel social, numa altura em que registou lucros recordes com a subida geral dos combustíveis.

"Apesar de estar na Constituição o seu caráter social, não aplica" o caráter social, criticou o líder brasileiro, acrescentando que a empresa "tem um lucro fenomenal, não se compara percentualmente com outras petrolíferas do mundo todo", criticou.

Na última semana de maio, o Ministério de Minas e Energia do Brasil dava conta que foi pedido a inclusão da Petrobras na carteira do Programa de Parcerias de Investimentos, de forma a "dar início aos estudos para a proposição de ações necessárias à desestatização da Empresa".

O Presidente brasileiro tem criticado duramente nos últimos meses o aumento do preço dos combustíveis, que contribuíram para lucros recordes da estatal.

Jair Bolsonaro já chegou a chamar aos elevados lucros da empresa estatal um "crime inadmissível" ou uma "violação", por alegadamente decorrerem das subidas consecutivas do preço dos combustíveis no país.

No dia 24 de maio, o Governo brasileiro anunciou que o presidente eleito há 40 dias para presidir à companhia estatal petrolífera Petrobras abandonou o cargo, tendo sido convidado Caio Mário Paes de Andrade para exercer as funções.

José Mauro Coelho tinha assumido a presidência no dia 14 de abril, na sequência da aprovação do seu nome por parte do conselho de administração.

No início do mês, Jair Bolsonaro, já tinha substituído o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, poucos dias depois de criticá-lo publicamente por permitir que a petrolífera Petrobras anunciasse um novo aumento do preço dos combustíveis.

Durante os 40 dias que esteve ao comando da Petrobras, José Mauro Coelho foi constantemente criticado por Bolsonaro também devido ao aumento do preço dos combustíveis.

O mesmo José Mauro Coelho que tinha sido o escolhido por Bolsonaro em resposta à insatisfação do chefe de Estado com o anterior presidente da companhia petrolífera estatal por repetidos reajustamentos de preços.

A petrolífera brasileira Petrobras obteve um lucro de 44,6 mil milhões de reais (8,4 mil milhões de euros) no primeiro trimestre de 2022, um valor 38 vezes superior ao registado em igual período de 2021 e o mais alto do período da sua história.

Leia Também: Bolsonaro diz que quer "fatiar" a Petrobras

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