Violência extremista é esperada até às eleições intercalares nos EUA

Uma decisão iminente do Supremo Tribunal norte-americano sobre o aborto, o aumento dos migrantes na fronteira com o México e as eleições intercalares poderão desencadear violência extremista nos próximos seis meses, declarou, esta terça-feira, o Departamento de Segurança Nacional.

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Lusa
07/06/2022 19:33 ‧ 07/06/2022 por Lusa

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Os Estados Unidos já se encontravam numa "atmosfera de ameaça elevada", e estes fatores poderão piorar a situação, por constituírem "potenciais gatilhos", indicou o Departamento de Segurança Nacional (DSN) no mais recente boletim do Sistema de Aconselhamento sobre Terrorismo Nacional.

"Nos próximos meses, esperamos que a atmosfera de ameaça se torne mais dinâmica, já que diversos eventos com grande visibilidade poderão ser usados para justificar atos de violência contra uma série de possíveis alvos", sustentou o DSN.

Trata-se da mais recente tentativa da Homeland Security norte-americana para chamar a atenção para a ameaça colocada pelo extremismo violento dentro das fronteiras dos Estados Unidos, uma mudança em relação a alertas sobre terrorismo internacional que eram habituais na agência desde a sua criação, após os atentados de 11 de setembro de 2001.

De facto, as ameaças do exterior só são referidas de passagem neste boletim. Nele se observa que os apoiantes da organização terrorista Al-Qaida celebraram o massacre de janeiro numa sinagoga em Colleyville, no Estado do Texas, e se menciona também que o grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI) apelou aos seus apoiantes para realizarem ataques nos Estados Unidos para vingar as mortes do líder e do porta-voz do grupo.

A DSN adverte igualmente de que a China, a Rússia, o Irão e outros países procuram fomentar divisões dentro dos Estados Unidos para enfraquecer o país e a sua posição no mundo. Em parte, fazem-no reproduzindo teorias da conspiração e notícias falsas que depois se espalham pela sociedade norte-americana.

Os extremistas violentos dentro do país representam, contudo, a maior e potencialmente mais grave ameaça, sustentou a agência, apontando como exemplo o ataque racista em que um homem branco armado matou a tiro dez pessoas negras num supermercado em Buffalo, no Estado de Nova Iorque, em maio.

O boletim, cujo prazo de validade expira a 30 de novembro, indica que os apelos à violência por extremistas domésticos dirigidos a instituições democráticas, candidatos e funcionários do sistema eleitoral terão um aumento provável até ao outono.

Um alto responsável do DSN que falou à imprensa antes da divulgação deste boletim, afirmou descrever a situação como "dinâmica", porque as autoridades estão a ver uma maior variedade de pessoas motivadas por uma gama mais ampla de razões de queixa e incidentes que em períodos anteriores.

A decisão iminente do Supremo Tribunal federal que poderá reverter o histórico acórdão Roe v. Wade, tem potencial para desencadear violência tanto por parte de partidários como dos opositores ao direito ao aborto, dependendo do resultado, disse o responsável, falando a coberto do anonimato sobre alguns dos fatores que foram considerados na redação deste boletim.

Extremistas raciais poderão reagir ao aumento da imigração ou à decisão do Governo de continuar ou não a aplicar o Título 42, a ordem de saúde pública que tem sido usada desde o início da pandemia de covid-19 para impedir pessoas de pedirem asilo na fronteira sudoeste do país, disse o DSN.

A agência e o FBI (Federal Bureau of Investigation, polícia federal norte-americana) estão a trabalhar com as autoridades estaduais e locais para consciencializar para a ameaça, e o DSN aumentou o financiamento aos governos locais e às organizações religiosas para melhorarem a segurança, indicou o secretário da Segurança Nacional, Alejandro N. Mayorkas, num comunicado divulgado em conjunto com o boletim.

Leia Também: Coreia do Norte ignorou todos os apelos ao diálogo, diz enviado dos EUA

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