Ucrânia. União Europeia acusa Rússia de usar "comida como uma arma"

A Rússia está a utilizar "a comida como uma arma", denunciou esta terça-feira o chefe de diplomacia europeia, Josep Borrell, para assinalar o Dia Mundial da Segurança Alimentar, que está em risco desde a invasão russa da Ucrânia.

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Lusa
07/06/2022 23:54 ‧ 07/06/2022 por Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

"Todo o ser humano tem o direito de acesso a alimentos seguros, a primeira fonte de vida e fundamental para a saúde global. Como União Europeia (UE), agimos decisivamente por esse direito e para atender às necessidades humanitárias, incluindo aquelas causadas pela vergonhosa decisão da Rússia de usar comida como arma", sublinhou o alto representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, numa publicação na rede social Twitter.

A Ucrânia tem acusado a Rússia de se apropriar da sua colheita de cereais nas regiões ocupadas no sul do país, para vender a outros países, como a Síria.

Kyiv acusa também Moscovo de obstruir as suas exportações, ao bloquear os seus portos no mar Negro.

O conflito em curso desde 24 de fevereiro está a aumentar os preços e representa um sério risco de fome em países que dependem desse mercado, nomeadamente em África e no Médio Oriente.

Em comunicado, o Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE), que reporta a Borrell, afirmou também que a segurança alimentar é "uma preocupação global e, ao mesmo tempo, uma responsabilidade compartilhada entre governos, produtores e consumidores".

Esta instituição realçou que os alimentos inseguros são "uma ameaça à saúde humana e às economias, afetando desproporcionalmente pessoas vulneráveis ??e marginalizadas, especialmente mulheres e crianças, populações afetadas por conflitos e migrantes".

"Estima-se que 420.000 pessoas em todo o mundo morrem a cada ano depois de comer alimentos contaminados e crianças com menos de 5 anos carregam 40% da carga de doenças transmitidas por alimentos, com 125.000 mortes a cada ano", detalhou o SEAE.

O Serviço Europeu de Ação Externa acrescentou a pandemia de covid-19 e a guerra da Rússia contra a Ucrânia "deixam muito clara a importância crucial de ter alimentos seguros, universalmente acessíveis e a preços adequados".

Pouco antes da guerra, a Ucrânia estava a caminho de se tornar o terceiro maior exportador mundial de trigo e forneceu metade do comércio mundial de sementes de girassol e óleo.

Kyiv exportava mensalmente 12% do trigo do mundo, 15% do milho e 50% do óleo de girassol.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga quase 15 milhões de pessoas de suas casas -- mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,9 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

A ONU confirmou hoje que 4.253 civis morreram e 5.141 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 104.º dia, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.

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