"A Constituição cambojana não permite a presença ou o estabelecimento de uma base militar estrangeira em solo cambojano", disse Prak Sokhonn, num comunicado divulgado na terça-feira à noite, após ter falado por telefone com a homóloga australiana, Penny Wong.
Uma cerimónia presidida pelo ministro da Defesa do Camboja, Tea Banh, e pelo embaixador chinês em Phnom Penh, Wang Wentian, está marcada para hoje, para inaugurar uma série de obras na base naval de Ream, no sul do país, financiadas pela China.
O ministro cambojano salientou no comunicado que a "renovação da base (naval de Ream) serve apenas para fortalecer as capacidades navais do país e proteger a sua integridade marítima e combater o crime", e que o convite endereçado aos adidos de defesa estrangeiros é um "gesto de cortesia".
A Austrália foi um dos primeiros países a manifestar preocupação com a informação publicada, no dia anterior, pelo jornal norte-americano The Washington Post, que afirma que a China está a construir secretamente uma base naval no Camboja, para uso exclusivo do seu exército.
De acordo com o artigo, enquanto fontes ocidentais afirmam que o Exército de Libertação Popular (PLA na sigla em inglês), as Forças Armadas chinesas, vão usar exclusivamente a base naval de Ream, localizada na província de Sihanoukville, um oficial chinês terá confirmado ao jornal que o exército chinês vai usar apenas parte da infraestrutura.
No entanto, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijian, negou também aquelas informações.
A publicação soma-se a uma série de informações semelhantes, difundidas nos últimos anos, sobre alegados planos militares de Pequim no Camboja, sempre negados por ambas as partes.
Pequim apenas confirmou a existência de uma base fora do território chinês, no Djibuti, no Corno de África.
Os Estados Unidos já manifestaram "séria preocupação" com a presença de tropas chinesas nesta base cambojana, em junho do ano passado, durante a visita ao país da vice-secretária de Estado, Wendy Sherman.
A base naval de Ream está localizada no Golfo da Tailândia, local estratégico que permitiria à China fortalecer o controlo sobre as águas do Sudeste Asiático, cuja soberania é disputada com vários países da região, incluindo Vietname, Malásia, Brunei, Indonésia e Filipinas, além de Taiwan.
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