Num comunicado conjunto após a eleição, Mirko Manzoni, enviado pessoal do secretário-geral da ONU, e a coordenadora residente da ONU em Moçambique, Myrta Kaulard, felicitaram Maputo pela sua eleição para um mandato de dois anos, frisando que demonstra o reconhecimento e o apoio da comunidade internacional às "valiosas contribuições" do país para a paz e segurança internacionais, assim como o seu forte compromisso com a Carta das Nações Unidas.
"No momento em que Moçambique se prepara para assumir o seu lugar no órgão da ONU responsável pela manutenção da paz e segurança internacionais, o país dispõe de uma oportunidade para fazer chegar as suas próprias experiências à cena mundial", avaliaram os representantes da ONU em comunicado.
Como exemplo, Manzoni e Kaulard destacaram a implementação do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional - entre o Governo de Filipe Nyusi e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, oposição), em agosto de 2019 -, observando que demonstra como os líderes do país estão empenhados em utilizar o diálogo como o único caminho sustentável para a paz.
"Em Cabo Delgado, o modelo moçambicano de construção da paz e da segurança, através de soluções regionais e locais dinâmicas, demonstra como as intervenções interafricanas podem ajudar a resolver os desafios no continente", salientaram, citados em comunicado.
A província moçambicana de Cabo Delgado (norte) é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. As forças de defesa e segurança de Moçambique, Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) têm cooperado no combate aos grupos armados na província.
A ONU recordou que Moçambique se encontra entre os países mais vulneráveis às mudanças climáticas no âmbito mundial, estando "satisfeita" por o país estar a desenvolver capacidades "para prevenir, em vez de reagir", às emergências climáticas.
Manzoni e Kaulard elogiaram ainda o "contínuo empenho de Moçambique em prol da igualdade de género", indicando que o país africano alcançou recentemente a paridade de género no Conselho de Ministros, em reconhecimento do papel das mulheres como uma força positiva na construção de uma sociedade inclusiva, resiliente e tolerante.
"As Nações Unidas orgulham-se de estar ao lado de Moçambique na construção de um futuro mais seguro, pacífico e mais sustentável para todos. (...) Estamos confiantes de que a parceria que tem sido construída ao longo dos anos entre Moçambique e as Nações Unidas continuará a fortalecer-se com o início de um novo Quadro de Cooperação para o Desenvolvimento Sustentável", concluíram.
Moçambique foi hoje eleito por unanimidade membro não-permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, na vaga que este ano cabia a África preencher e à qual concorria sem oposição, seguindo a habitual concertação no continente.
É a primeira vez que Moçambique ocupa o lugar.
O país lusófono recebeu a totalidade dos 192 votos possíveis, o único a consegui-lo entre os cinco países que hoje concorriam a outras tantas vagas, de acordo com os resultados anunciados a partir da sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, quando eram 17:00 em Maputo (16:00 em Lisboa).
Moçambique representou a sub-região da África Austral nas eleições deste ano, de acordo com o padrão de rotação do Grupo Africano.
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