O Senado norte-americano tinha aprovado o projeto, por unanimidade, em maio, mas este ficou retido na Câmara dos Representantes enquanto os democratas procuravam ampliar a medida, para incluir proteção para familiares dos funcionários do tribunal.
No entanto, os republicanos aumentaram a pressão para aprovar a lei no atual formato, após a detenção de um homem que ameaçou matar o juiz do Supremo Tribunal Brett Kavanaugh.
Os republicanos acusaram os democratas de tentarem intimidar os juízes, enquanto o mais importante órgão judicial dos EUA avalia uma possível decisão histórica sobre o aborto.
A Câmara aprovou a medida de forma esmagadora, 396-26, sendo que todos os votos contra foram de democratas.
"Ao aprovar este projeto como está, estamos a enviar uma mensagem clara aos radicais de esquerda: vocês não podem intimidar os juízes do Supremo Tribunal", destacou o líder republicano da câmara baixa, Kevin McCarthy.
A votação no Sedado para expandir as proteções aconteceu logo após ter sido notícia um alegado projeto do Supremo que inclui uma opinião maioritária daquele tribunal para revogar uma decisão de 1973, no caso conhecido como "Roe v. Wade", e que garantia o direito à interrupção da gravidez até cerca de 23 semanas de gestação.
A extinção do acordo com cerca de 49 anos deixaria a regulamentação do aborto na tutela dos estados, dos quais 13 têm leis destinadas a proibir a interrupção voluntária da gravidez de forma imediata assim que o Supremo aprovar a anulação.
Os defensores desta legislação disseram que as ameaças aos juízes aumentaram desde então, com manifestantes a reunirem-se inclusive à porta de casa dos magistrados.
Já os democratas apontaram que os juízes do Supremo Tribunal têm proteção permanente e que também apoiavam a extensão da segurança às famílias, mas desejavam "uma pequena concessão" para incluir segurança para as famílias dos funcionários do tribunal.
"Os democratas também querem proteger os funcionários e as famílias destes, que estão a receber ameaças de ativistas de direita", realçou o democrata membro da Câmara dos Representantes, Ted Lieu.
O incidente da semana passada alterou os planos dos democratas, que vão procurar garantir a proteção para as famílias dos funcionários do Supremo Tribunal em separado.
Em 08 de junho, um homem armado foi detido por ter ameaçado matar o juiz norte-americano Brett Kavanaugh, junto da residência daquele magistrado no estado do Maryland.
John Roske, de 26 anos, estava armado com uma arma e uma faca e chegou num táxi no início da manhã perto da casa de Brett Kavanaugh e após ter avistado os polícias, caminhou na direção contrária, ligou para o número de emergência e referiu estar com pensamentos suicidas e a planear matar o juiz, segundo documentos judiciais.
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