Numa intervenção agora publicada referente a um discurso proferido durante uma reunião com a cúpula do poder na China, que juntou os 25 membros do Politburo do Partido Comunista da China, Xi disse que algumas nações "promovem à força o conceito e o sistema de democracia e Direitos Humanos ocidentais (...) aproveitando-se para interferir nos assuntos internos de outros países".
Nos últimos meses, a China culpou os Estados Unidos pela guerra na Ucrânia, recusando-se a condenar a invasão russa, e pela atual crise no Afeganistão.
O país asiático tem também promovido a sua própria narrativa em questões de Direitos Humanos, face às críticas internacionais sobre abusos nas regiões de Xinjiang, Hong Kong ou Tibete.
A Democracia e os Direitos Humanos não são para "decoração", disse Xi. Alguns países ocidentais enfrentaram, nos últimos anos, divisões políticas ferozes, quebra de confiança no sistema governamental, desordem social e surtos descontrolados de covid-19, observou o líder chinês, de acordo com a transcrição do seu discurso divulgada pela revista Qiushi, a principal publicação do partido.
"A polarização política, o fosso crescente entre ricos e pobres e o conflito étnico intensificaram-se" no Ocidente, disse.
Xi pediu às autoridades que "participem ativamente nas discussões sobre Direitos Humanos da ONU" e aumentem a influência da China nestas instituições multilaterais.
A questão dos Direitos Humanos é uma fonte de persistente tensão entre o Governo chinês e os países ocidentais, que tendem a enfatizar a importância das liberdades políticas individuais.
Para as autoridades chinesas, "o direito ao desenvolvimento é o mais importante dos Direitos Humanos" e o "papel dirigente" do PCC, no poder desde 1949, é "um princípio cardeal".
Desde a ascensão ao poder de Xi Jinping, em 2012, as autoridades prenderam ativistas dos Direitos Humanos, acusados de subversão do poder do Estado ou perturbação da ordem social, impuseram uma controversa lei de segurança nacional na região semiautónoma de Hong Kong e prenderam mais de um milhão de membros de minorias étnicas de origem muçulmana em campos de doutrinação política, segundo organizações internacionais.
No mês passado, durante um encontro com a Alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, o líder chinês defendeu o histórico da China e argumentou que cada nação deve escolher o seu próprio percurso.
"Através do trabalho árduo e persistente de longo prazo, a China embarcou com sucesso num caminho de desenvolvimento dos Direitos Humanos, que está de acordo com a tendência dos tempos e adapta-se às suas próprias condições nacionais", disse o governante chinês.
"Desviar-nos da realidade e copiar modelos de outros países não é apenas inaceitável, como tem consequências catastróficas e, em última análise, traz sofrimento à população", argumentou.
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