"Os Estados Unidos estão seriamente preocupados com as mortes relatadas de civis na comunidade Amhara da região de Oromia da Etiópia este fim de semana. Lamentamos as vítimas e apresentamos as nossas mais sinceras condolências aos sobreviventes e a todos aqueles que perderam entes queridos neste ato horrível", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, equivalente ao Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Diversas testemunhas na Etiópia indicaram no domingo que mais de 200 amhara, um grupo étnico local, foram mortos num ataque na região etíope de Oromia e acusaram um grupo rebelde local, que negou qualquer envolvimento.
Em caso de confirmação, trata-se de um dos mais mortíferos ataques nos tempos mais recentes, e quando se agravam as tensões étnicas no segundo país mais populoso de África.
"Apelamos também a todos os etíopes para que rejeitem a violência e, em vez disso, prossigam o diálogo pacífico para resolver as divergências. A reconciliação nacional deve envolver justiça abrangente e inclusiva para as vítimas e responsabilização pelos responsáveis por abusos e violações dos direitos humanos", acrescentou o responsável dos EUA.
Segundo a diplomacia norte-americana, "relatos contínuos como estes sublinham a urgência de pôr fim ao conflito armado em curso na Etiópia".
As testemunhas acusaram o Exército de Libertação Oromo (OLA) pelos ataques. Através de uma declaração, o governo regional de Oromia também acusou o OLA, ao indicar que os rebeldes atacaram "após serem incapazes de resistir às operações das forças de segurança [federais]".
Um porta-voz do OLA, Odaa Tarbii, negou as alegações.
"O ataque a que se referem foi cometido pelo regime militar e milícias locais quando se retiravam do seu campo em Gimbi na sequência da nossa recente ofensiva", disse numa mensagem enviada à agência Associated Press.
A Etiópia tem registado um aumento das tensões étnicas em diversas regiões, na maioria motivadas por injustiças históricas ou conflitos políticos. O povo Amhara, o segundo maior grupo étnico entre os mais de 110 milhões de habitantes da Etiópia, têm sido alvo de frequentes ataques em regiões como Oromia.
A comissão etíope de direitos humanos, designada pelo Governo central, apelou hoje ao executivo de Abiy Ahmed para encontrar uma "solução duradoura" para evitar a morte de civis e protegê-los dos ataques.
Leia Também: Etiópia. Testemunhas denunciam mais de 200 mortos em ataque étnico