A administração do presidente norte-americano Joe Biden suspendeu esta terça-feira uma ordem judicial, cujo objetivo era direcionar recursos federais para deter e deportar apenas os imigrantes ilegais que fossem considerados uma ameaça para a segurança nacional.
A suspensão surge na sequência de uma ordem de um tribunal no estado conservador do Texas, que afasta (muitas vezes com violência) imigrantes que tentam entrar no país, através da fronteira com o México.
O departamento do Interior (do inglês, 'Homeland Security') disse, num comunicado citado pela ABC News, que apesar de "discordar fortemente" da decisão, irá aplicá-la já este mês.
Nos últimos anos, os Estados Unidos têm aumentado cada vez mais a vigilância e presença policial na fronteira com o México, para impedir a entrada de refugiados vindos da América Central, especialmente de países como a Venezuela ou o próprio México.
A segurança continua apertada durante o mandato de Joe Biden, mas os casos mais polémicos de violência contra migrantes surgiu durante a liderança de Donald Trump, em que crianças e bebés foram regularmente afastados dos pais e presos em jaulas, aguardando por um julgamento sem hipótese de defesa.
Segundo a ABC News, as organizações que apoiam a integração de refugiados da América Central e do Sul nos Estados Unidos argumentam que, com a suspensão da ordem, a comunidade hispânica viverá com muito mais medo. Muitos chegam ao país e demoram anos até conseguiram ter a sua situação regularizada, podendo ser deportados a qualquer momento, apesar de viveram ordeiramente, pagarem impostos e frequentarem instituições de ensino.
Em setembro do ano passado, o secretário do Interior, Alejandro Mayorkas, declarou numa nota que as agências de segurança e imigração deviam direcionar os seus esforços policiais apenas nos imigrantes que representarem um perigo para a segurança nacional.
Mas, no passado dia 10 de junho, o juiz Drew Tipton, de um distrito do sul do Texas, anulou a declaração, concordando com a liderança republicana do estado que defende que o presidente não tem autoridade para definir como é que o estado vigia a comunidade imigrante - a mesma liderança republicana que é encabeçada por Greg Abbott, um governador pró-Trump, e que tem promovido políticas extremamente ortodoxas.
Assim, defendem as organizações não-governamentais, a atuação do departamento alfandegário dependerá muito de agente para agente, sendo que muitos poderão voltar ao sistema praticado durante o mandato de Trump - em que os mesmos agentes vigiavam de tal forma que os imigrantes tinham medo de conduzir, de ir à missa ou ir a outras atividades, com receio de serem detetados pelas autoridades.
Segundo os dados avançados pela ABC, foram detidos mais de 74 mil imigrantes e deportados mais de 59 mil no ano fiscal anterior, que terminou em setembro.
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