A Turquia chegou a um entendimento com a Suécia e a Finlândia na terça-feira, já em Madrid, sobre a luta contra o terrorismo e a exportação de armas que permitiu ultrapassar a oposição turca à adesão dos dois países nórdicos.
A adesão carece do apoio dos atuais 30 membros da NATO, a sigla em inglês da Organização do Tratado do Atlântico Norte, criada em 1949 e da qual Portugal é um dos países fundadores.
O Presidente da Letónia, um dos países do Báltico, foi o primeiro a saudar o acordo com a Turquia e a dar as boas-vindas à Suécia e à Finlândia.
A entrada dos dois países tornará a NATO "mais forte e, em especial, o flanco oriental", disse Egils Levtis, ao chegar ao Parque de Exposições de Madrid, onde decorre a cimeira.
Levtis disse também que a NATO deve continuar a apoiar Kiev na guerra com Moscovo, desencadeada com a invasão russa em 24 de fevereiro.
"A Ucrânia tem de ganhar a guerra com a Rússia", afirmou.
O Presidente lituano, Gitanas Nauseda, expressou igualmente a sua satisfação com a esperada entrada dos dois países nórdicos e disse que a Rússia "deve compreender que a Europa não é fraca".
"Esta é a última oportunidade de impedir novas ações russas e de parar esta aventura na Ucrânia", acrescentou Naused, citado pela agência espanhola EFE.
A primeira-ministra islandesa, Katrín Jakobsdóttir, considerou que a entrada da Suécia e da Finlândia reforçará o peso dos países nórdicos na NATO.
"Tanto a Suécia como a Finlândia são sociedades democráticas fortes. A Islândia está muito satisfeita, porque agora haverá uma voz nórdica mais forte", disse Jakobsdóttir.
O Presidente da Macedónia do Norte, país que entrou na NATO em 2020, manifestou o apoio à entrada da Geórgia e de todos os países da Europa de Leste, incluindo a Ucrânia.
"A melhor política da NATO ao longo das décadas tem sido a política de portas abertas", disse Stevo Pendarovski.
O primeiro-ministro checo, Petr Fiala, defendeu que a adesão da Finlândia e da Suécia será um "forte apoio à segurança da Europa".
O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, mostrou-se satisfeito por o "senso comum" ter prevalecido e o comportamento "oportunista e utilitário" ultrapassado, numa referência indireta à Turquia, segundo a EFE.
O Presidente romeno, Klaus Iohannis, disse ter "expectativas muito concretas" de que a NATO declare o Mar Negro como uma "área de interesse estratégico".
Iohannis disse também que espera que a NATO aumente o número de forças de combate já existentes em países como os três Estados Bálticos (Letónia, Lituânia e Estónia), a Polónia e a própria Roménia.
Já o Presidente da Bulgária, Rumen Radev, considerou que a guerra na Ucrânia fez a NATO regressar à sua missão original, após décadas de concentração na luta contra o terrorismo e na manutenção da paz fora da Europa.
"A Aliança está de regresso à sua verdadeira missão, de ser o garante da soberania, segurança e integridade territorial dos seus membros, como resultado da agressão russa na Ucrânia", disse Radev.
O chefe do Governo belga, Alexander De Croo, considerou que a cimeira de Madrid "já é um sucesso, com a adesão da Suécia e da Finlândia".
A entrada dos dois países "tornará o continente europeu mais seguro e tornará a NATO um parceiro mais robusto, um parceiro mais forte", comentou.
O primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte, também se congratulou com o levantamento do veto turco à adesão da Suécia e da Finlândia e assegurou que o seu país fornecerá armas pesadas à Ucrânia "enquanto for necessário".
Rutte defendeu ainda um maior investimento na defesa por considerar que o risco de confronto com a Rússia só pode diminuir se os aliados forem fortes.
"Aprendemos isto nos anos 80 e estamos a aprendê-lo de novo agora", disse, acrescentando: "é por isso que vamos investir no flanco oriental da NATO".
Rutte salientou ainda a presença na reunião, como convidados, do Japão, Austrália, Nova Zelândia e Coreia do Sul.
A cimeira da NATO, que termina na quinta-feira, vai contar com uma intervenção, por videoconferência, do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
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