"African Lion 2022" atento à Wagner e escalada do extremismo islâmico

Os Estados Unidos e os seus aliados terão de enfrentar a ascensão de grupos extremistas violentos e a chegada de mercenários russos ao Sahel, advertiu o chefe do Comando Africano dos Estados Unidos (AFRICOM), general Stephen Townsend.

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© FADEL SENNA / AFP

Lusa
01/07/2022 14:05 ‧ 01/07/2022 por Lusa

Mundo

África

"Estamos a assistir a um aumento do extremismo violento na África Ocidental, especialmente na região do Sahel", afirmou em declarações à agência de notícias France Presse o militar norte-americano na quinta-feira, no final do exercício militar internacional "African Lion", coorganizado por Marrocos, o país anfitrião desde 2004.

"Estamos também a assistir à chegada de maus atores e estou a pensar especificamente nos mercenários russos da Wagner, que estão no Mali", disse o general, em declarações recolhidas no Cabo Draa, no deserto do sul de Marrocos, perto da cidade de Tan-Tan.

O Ocidente acusa a junta militar no poder em Bamako de utilizar os serviços do grupo privado de segurança associado ao Kremlin, que acusa de vários "crimes".

Entre 06 e 30 de junho, mais de 7.500 soldados de mais de uma dezena de países, incluindo o Senegal, Chade, Brasil, Itália, França e Reino Unido, participaram no exercício "African Lion 2022", em manobras conjuntas em Marrocos, Tunísia, Senegal e Gana, onde estiveram igualmente presentes observadores militares da NATO, União Africana (UA) e de quase 30 "países parceiros", incluindo, pela primeira vez, Israel.

Embora o treino não tenha sido programado especificamente para enfrentar a ameaça extremista islâmica ou a presença da Wagner em África, "ajudará todas as forças armadas [participantes], se chamadas a combater este tipo de problemas no futuro", disse o chefe da AFRICOM.

Instado a contextualizar o exercício no quadro do aumento das tensões entre Rabat e Argel, Townsend assegurou que o "African Lion" não teve "nenhum objetivo" relacionado com a Argélia, vizinha de Marrocos.

Argel rompeu as relações diplomáticas com Rabat em agosto de 2021, devido a desacordos profundos sobre o território em disputa do Sara Ocidental e a aproximação das relações no âmbito da segurança entre Marrocos e Israel.

O "African Lion" não é "dirigido contra nenhum país em particular", disse o comandante-chefe do AFRICOM. "Trata-se de aumentar a nossa interoperabilidade para lidarmos com os desafios que enfrentamos".

"O que está hoje em jogo na NATO e na Ucrânia demonstra o valor de aliados fortes e de parceiros que trabalham em conjunto para defender o interesse comum", acrescentou.

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou esta semana em Madrid na cimeira da NATO, uma presença e capacidades militares norte-americanas mais fortes na Europa, incluindo no seu "flanco sul", em Espanha e Itália, assim como em toda a África do Norte.

Leia Também: Estados Unidos e Marrocos lançam o maior exercício militar em África

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