A Justiça espanhola confirmou o pedido de providência cautelar para que o corpo de Eduardo dos Santos se mantenha no país, avança a CNN Portugal.
Além disso, foi feito um pedido ao centro médico para realização de autópsia.
A filha de José Eduardo dos Santos, Tchizé dos Santos, estará a tentar evitar que o funeral do antigo governante seja em Angola. A advogada que a representa, Carmen Varela, já terá dado entrada, ontem de manhã, com uma ação para tentar impedir que as autoridades transladem o corpo para Angola, conta o La Vanguardia.
É preciso que "o corpo do ex-presidente seja preservado e não entregue antes da realização de uma autópsia", disse num comunicado, citado pelas agências internacionais
Segundo a família, o ex-presidente terá, inclusivamente, manifestado o desejo de ser sepultado em Barcelona e querem impedir que um possível funeral de Estado em Angola seja utilizado politicamente por João Lourenço, o atual presidente de Angola.
A decisão sobre o local de descanso final do antigo presidente angolano deve tornar-se uma questão controversa nos próximos dias. O governo já decretou já cinco dias de luto nacional, a começar no sábado, pela morte do antecessor.
Recorde-se que José Eduardo dos Santos morreu, esta sexta-feira, em Barcelona, onde estava internado. A sua colocação nos cuidados intensivos trouxe à luz tensões no seio da família, nomeadamente entre a ex-mulher de José Eduardo dos Santos, Ana Paula, e pelo menos uma das suas filhas, Tchizé dos Santos.
Tchizé apresentou uma queixa em Barcelona no início de julho e pediu que fosse aberto um inquérito por, entre outras questões, "a alegada tentativa de homicídio, falta de assistência a uma pessoa em perigo, ferimentos causados por negligência grave", de acordo com os dois escritórios de advogados que aconselham a filha do antigo presidente angolano.
A filha crê que a ex-mulher do pai, Ana Paula, e o médico pessoal do ex-presidente são responsáveis pela deterioração da sua saúde. Segundo os seus advogados, Tchizé dos Santos afirma que o seu pai e a ex-mulher estavam separados há algum tempo e que ela não tinha poder de decisão sobre a sua saúde porque o seu casamento não é legalmente reconhecido em Espanha.
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