"Estou a fazer um pedido que preferia não fazer. Estou a pedir armas, não para declarar guerra a outro território, mas para proteger a nossa casa e o direito de viver nela", afirmou Olena Zelenska, numa intervenção presencial no Capitólio (sede do Congresso) em Washington.
O discurso da primeira-dama ucraniana, que está a realizar uma visita aos EUA, acontece no mesmo dia em que o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, disse que os objetivos militares da Rússia na Ucrânia vão agora além da região leste do país e passaram a incluir "uma série de outros territórios".
"A geografia é diferente agora. Já não se trata apenas das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk [os territórios separatistas no leste da Ucrânia], mas também das regiões de Kherson e Zaporijia [no sul] e uma série de outros territórios", afirmou o chefe da diplomacia russa numa entrevista à agência de notícias Ria Novosti e ao canal RT, na qual denunciou o envio de armas de longo alcance para as forças ucranianas por parte do Ocidente.
Diante dos legisladores norte-americanos, Olena Zelenska pediu o envio de sistemas de defesa aérea que possam evitar a morte de crianças, frisando que neste momento na Ucrânia existem famílias inteiras destruídas.
Segundo a primeira-dama, a Ucrânia procura a normalidade que é vivida em outros países.
"Será que o meu filho poderá voltar à escola no outono? Tal como milhões de mães na Ucrânia, não sei. A minha filha poderá ir para a universidade no início do ano académico e ter uma vida normal? Não posso responder a isso. Teríamos respostas se tivéssemos sistemas de defesa aérea", prosseguiu Olena Zelenska, que aproveitou esta intervenção no Congresso para mostrar imagens da destruição e de algumas vítimas da ofensiva russa no território ucraniano, iniciada em 24 de fevereiro.
No mesmo discurso, a primeira-dama ucraniana agradeceu a ajuda fornecida pelos EUA, bem como a defesa por parte de Washington dos valores comuns e da independência da Ucrânia.
Esta intervenção, a primeira de uma primeira-dama de um país estrangeiro na sede do Senado e da Câmara dos Representantes (as duas câmaras do Congresso), foi um dos pontos altos da agenda de Olena Zelenska em Washington, onde se encontrou com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, na segunda-feira.
Na terça-feira, Zelenska encontrou-se com a primeira-dama norte-americana, Jill Biden, e foi distinguida, como representante do povo ucraniano, com o Prémio Dissidente dos Direitos Humanos.
Desde o início da invasão russa, Washington prestou uma ajuda militar à Ucrânia avaliada em cerca de sete mil milhões de dólares (cerca de 6,8 mil milhões de euros, ao câmbio atual).
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