Brasil diz estar disposto a discutir uma "flexibilização" do Mercosul
O ministro das Relações Exteriores do Brasil disse hoje ao Conselho do Mercado Comum do Mercosul que o seu país está disposto a tornar o bloco mais "flexível", permitindo-lhe tornar-se mais integrado nos mercados mundiais.
© REUTERS/Shamil Zhumatov/Pool/File Photo
Mundo Carlos França
"Estamos dispostos a discutir com os nossos parceiros, nos órgãos apropriados do bloco, formatos e mecanismos flexíveis que abordem as especificidades dos nossos países, preservando simultaneamente os elementos centrais do nosso processo de integração", disse Carlos França, durante a reunião que se está a realizar na cidade paraguaia de Luque.
A declaração parecia ser um aceno para o Uruguai, que exige precisamente esta flexibilidade para apoiar a sua decisão de avançar sozinho nas negociações de um acordo comercial com a China, que já começou apesar de as regras atuais do bloco o impedirem de o fazer.
Segundo Carlos França, a "intensificação das relações externas do Mercosul", que considera terem aumentado com a conclusão de um acordo comercial com Singapura e outras negociações em curso, "refere-se à importante questão da rapidez com que se deve avançar para uma maior integração com o mundo".
"O objetivo central continua a ser promover a modernização do bloco em várias frentes", disse.
O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, embora não tenha explicado porquê, não estará presente na cimeira.
Carlos França não fez alusão a esta ausência, mas insistiu mais de uma vez na "importância" para o Brasil do bloco do qual faz parte juntamente com a Argentina, Paraguai e Uruguai.
"O Mercosul é uma força que tem promovido a consolidação da paz e da democracia na região" e "isto não é pouco, porque há poucas regiões no planeta livres de conflitos", declarou o ministro, que destacou o potencial de produção alimentar e energética dos quatro países membros.
França também encorajou os parceiros do Mercosul a "reforçar as cadeias de produção regionais num ambiente de desestabilização das cadeias globais, como resultado da pandemia da covid-19 e do conflito na Ucrânia".
A este respeito, saudou o consenso para reduzir em 10% a tarifa externa comum do Mercosul, uma decisão que, na sua opinião, será "essencial para uma maior inserção do bloco nas cadeias de valor globais" e "aumentará o fornecimento de bens à população" num "momento de pressão inflacionista internacional".
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